Piramidal.net

Pirâmide não é magia. É Tecnologia!

Posts Tagged ‘Esfinge’

Batalha pelos Registros Atlantes sob a Esfinge

Posted by luxcuritiba em abril 20, 2008

banner

Krsanna Duran

Em tempos normais, a maioria das pessoas ficaria surpresa em ouvir que foram descobertas câmaras sob a Esfinge, e teria esperança de encontrar pelo menos uma pista da marcha da humanidade desde caçadores que viviam em cavernas até civilizações inconscientes que são agressivas (com pouca luz). Mas estes são tempos extraordinários, de armas recém-criadas de emissão eletromagnética e microondas. A descoberta de câmaras embaixo da mais antiga escultura do mundo desencadeou uma luta pela dominação entre os governos mundiais, alguns indivíduos e os poderes ocultos da Terra.

Numa economia impulsionada pelo avanço tecnológico e na qual se observa uma excessiva confiança nas condições existentes, o anseio de dominação tecnológica e a crença na estabilidade dos sistemas em vigor inspiraram a intriga e o engano. A advertência do presidente Eisenhower de que o complexo industrial-militar representava a mais grave ameaça para o modo de vida norte-americano se realizou a partir de níveis tão diferentes e desconectados quanto os conselhos de diretores e as gangues de rua.

As tramas em andamento pela captura da antiga tecnologia atingiram um nível mais alto em 1993, quando foi descoberta uma passagem escondida na Grande Pirâmide. Usando um robô designado como UPUAT2, o engenheiro alemão Rudolf Gantenbrink descobriu que um conduto de ar na Câmara da Rainha terminava abruptamente, em vez de prosseguir até a superfície da pirâmide. Fotografias tiradas pelo UPUAT2 revelaram eletrodos de metal de alta tecnologia instalados numa porta do conduto, no mínimo há 4 mil anos. Com isso, foi rompido o verniz de silêncio místico que recobre a realidade fatual de que fontes de poder de elevada tecnologia foram usadas no antigo Egito. Essa descoberta ameaçou o dogma central de que a confiança na sabedoria em vigor deve ser preservada a qualquer custo, para não perturbar o doce usufruto das mordomias.

Estava ameaçada a crença popular de que o Homo Sapiens atingiu em nosso tempo o ápice do desenvolvimento. Outros já tinham estado ali e atingido esse nível — e então deixaram como testemunho as pirâmides. Foi programado que o conduto seria aberto publicamente com uma câmara de microvideo em março de 1997, depois que o seu conteúdo havia sido secretamente visto pelos poderosos. Informações transmitidas a Richard Hoagland originárias de um “espião” amigável no Egito sugerem que a porta foi aberta em 20 de outubro de 1996, às nove horas da manhã.

Por trás da porta havia uma pequena câmara contendo apenas a estátua de um homem negro sentado, empunhando um ankh. O significado dessa estátua, do ankh e a data detêm a chave para uma tecnologia que governou esse planeta com suprema elegância antes de decair ao longo da espiral evolutiva. O mito moderno da civilização egípcia forjado no século passado, quando os investigadores viajavam em navios a vapor, se estilhaçou com os laser amplificados por cristais. O inventário de lindas gemas confiscadas durante as Guerras das Pirâmides (8970 a.C.) tinha um contexto tecnológico que se soletrava p-o-d-e-r. Importantes fios foram tecidos ao longo do Nilo durante milhares de anos, para se entrelaçar em nossa época com investigadores recentemente banidos do Egito.

Em 1992, John Anthony West e o Dr. Robert Schoch publicaram indicações de que a Esfinge tinha sido erodida pela água no período 7000-5000 a.C., provando desse modo que os monumentos eram mais antigos que a mais antiga dinastia egípcia. O atual povo egípcio migrou para a área da Esfinge e da Grande Pirâmide, já existentes, e construíram réplicas inferiores do que encontraram. Túmulos do Antigo Reino no planalto de Gizé cortados da mesma rocha que a Esfinge não apresentam a erosão aquática da Esfinge. Portanto, a Esfinge deve ser muito mais antiga do que as estruturas do Antigo Reino.

Câmaras abaixo da Esfinge (previstas desde 1934 por Edgar Cayce, o “profeta adormecido”) foram descobertas por meio de sismógrafos e ondas de sonar em 1993. Zahi Hawass, do Departamento Egípcio de Antiguidades, negou a interpretação da visível evidência da erosão aquática, bem como a existência de câmaras subterrâneas. O turismo era o sustentáculo multibilionário da economia egípcia, e novas descobertas apontando para uma história das pirâmides anterior aos egípcios foram recebidas com hostilidade.

Enquanto isso, pesquisas empreendidas por Robert Bauval e Graham Hancock, co-autores de Message of the Sphinx (A mensagem da Esfinge) foram apresentadas num documentário da BBC exibido em todo o mundo. O livro, best-seller em 1996, e o documentário chamavam atenção para a negativa do governo egípcio sobre a existência das câmaras. Num confronto do velho estilo, Bauval, Graham Hancock e John Anthony West foram expulsos do Egito no ano passado. (Para ter certeza de que sua posição era inequívoca, membros do Departamento de Antiguidades ameaçaram cortar as cabeças dos pesquisadores e defecar sobre elas!)

Essa não era a primeira vez que o governo egípcio bania pesquisas que punham em risco sua afirmação de que seus ancestrais haviam construído aqueles antigos monumentos. Após conduzir uma equipe de pesquisa em Saqara, onde foram feitas importantes descobertas acerca do ankh, o Dr. Lawrence Kennedy fora banido do Egito em 1980. Kennedy ganhou o status de persona non grata quando tirou fotografias da imagem de um UFO em forma de charuto numa parede que permanecia fechada ao público desde 1922.

Mas o destino estabelece seu próprio terreno de jogos, e as pesquisas do Dr. Kennedy em 1980 tinham desvendado o ankh. (1) Observando que o ankh era o único símbolo-chave não associado a um hieroglifo, ele levantou a hipótese de que não se tratava de uma forma de linguagem mas de um objeto ou instrumento real. Representações do ankh sempre o mostravam sendo entregue a um faraó por uma divindade, ou sendo entregue ao povo pelo faraó. O ankh, o antigo símbolo de Vênus, era um instrumento dado a um faraó por um deus. Kennedy suspeitava de que o ankh fosse usado para ativar o tímus, que controla o processo de envelhecimento.

Realizando experimentos com combinações de metais empregados pelos egípcios, o Dr. Kennedy desenvolveu um ankh que produzia mudanças tangíveis na energia humana, visíveis nas fotografias Kirlian. O ankh que ativa a energia humana sutil era feito de ouro, prata e cobre entrelaçados numa haste de cristal. A estátua de um homem empunhando um ankh no seu colo mostrava sua posição quando presumivelmente ele ativa o corpo humano. Modelos viáveis do ankh com uma haste de cristal corroboraram a tecnologia de cristal da Atlântida descrita por Edgar Cayce.

Ao longo de 30 anos, por meio de uma série de palestras privadas, Edgar Cayce descreveu a civilização da Atlântida, um continente que submergiu no Oceano Atlântico. A fonte de energia para a tecnologia atlante descrita por Cayce eram os “cristais de fogo” que acumulavam o calor da atmosfera. Essa energia armazenada era em seguida distribuída através da malha da Terra para o benefício do público, o que incluía o fornecimento de energia a submarinos e aeronaves. A partir do auge da civilização atlante, 50,000 anos atrás, três cataclismos que se estenderam por 28.000 anos quebraram o continente, formando uma cadeia de ilhas; o afundamento da maior ilha, Poseidon, ocorreu em 10.500 a.C.

O primeiro cataclismo foi provocado quando os indivíduos responsáveis por ajustar a freqüência da malha da Terra acidentalmente a sintonizaram num nível elevado demais. Há cerca de 22.000 anos, a energia anteriormente usada para propósitos pacíficos foi desviada para armamentos, o que provocou o segundo cataclismo. Um raio penetrou com violência na superfície do planeta, rompendo uma placa tectônica no Oceano Atlântico e quebrando o continente em várias ilhas.

O desaparecimento final das ilhas veio após milênios de conflito entre os sacerdotes de Baal, que introduziram sacrifícios, e os sacerdotes da Lei do Uno. Como a cadeia de ilhas afundou no decorrer de milhares de anos, nos últimos séculos da Atlântida foram feitas migrações para o Egito, a China e a América Central. Pirâmides nesses locais, algumas descobertas apenas nas últimas décadas, dão testemunho das palavras proféticas de Cayce.

Mica em Teotihuacán

Remanescentes de uma pirâmide mais antiga além da Pirâmide do Sol em Teotihuacán, perto da Cidade do México, fazem o uso comprovado daquele sítio recuar até 4.000 a.C. Os centros da pirâmide tornaram-se o núcleo de uma metrópole que abrigava mais de 25.000 pessoas, antes que o complexo inteiro fosse coberto com toneladas de detritos e abandonado, por volta do ano 1.200. As estruturas do templo que antes existiu nos níveis do topo das pirâmides em degraus foram removidas, juntamente com suas balaustradas codificadas e ornamentos, deixando apenas terraços. Todavia, uma camada de mica no nível do topo da Pirâmide do Sol, que servira como piso de um templo, foi deixada no lugar. A mica é um isolante com elevada resistência elétrica, capaz de diminuir a velocidade dos neutrinos numa reação nuclear. A mica teria de ser trazida para Teotihuacán a partir de uma fonte desconhecida. Várias centenas de metros ao sul da Pirâmide do Sol, foi deixada intacta uma pirâmide de mica.

Um isolante usado com tecnologia da Atlântida havia sido mencionado por Edgar Cayce como similar a outro isolante que estava sendo desenvolvido na Inglaterra em 1932. O abrigo de cristais de fogo sob tetos em forma de domo, como descreve Cayce, poderia explicar a necessidade das qualidades únicas da mica em Teotihuacán. Uma tecnologia baseada em cristais que forneciam energia a aeronaves e submarinos poderia explicar por que os maias usavam rodas em brinquedos, mas não em veículos. Como se poderia esperar em uma tecnologia dessa ordem, elementos avançados de matemática e de geometria caracterizavam o complexo da pirâmide.

A sofisticação do projeto de Teotihuacán foi reiterada e decodificada em 1993 por dois círculos norte-americanos de plantação que formavam um triângulo com as pirâmides, com lados iguais de 2.160 milhas. O número 2.160 era a chave para se decifrar o comprimento enigmático da avenida sagrada de 2.268 hunabs. Hunab é o termo maia para “medida”, dado a unidades métricas fatoradas com a raiz 12ª de 2 pelo engenheiro norte-americano Hugh Harleston. Correlações métricas na pirâmide não são surpreendentes, porque o moderno sistema métrico foi adotado após a Revolução Francesa, a partir de medidas egípcias.

No entanto, intervalos da raiz 12ª de 2 são uma afirmação brilhantemente simples de uma disposição complexa exclusiva de Teotihuacán. Das muitas pirâmide existentes em todo o mundo, a Pirâmide do Sol é a mais semelhante à Grande Pirâmide nos elementos fundamentais do seu projeto. Os mesmos números apresentados em polegadas piramidais na Grande Pirâmide foram apresentados em hunabs com a raiz 12ª de 2 em Teotihuacán para mostrar uma escala de intervalos. As escalas musicais são descritas pelas fronteiras de intervalos que definem freqüências, com uma nota se tornando a nota seguinte. A escala ocidental de música é definida ao se multiplicar cada nota pela raiz 12ª de 2 (1,059463), numa escala de intervalos iguais que pode ser rastreada até Apolo, através de Pitágoras, na pré-história da Grécia.

Simbolizado por um cisne (a estrela Cygnus de cinco pontas em Lira), Apolo era o mentor de Pitágoras, o pai da matemática moderna. Embora os pitagóricos não adorassem uma divindade por si mesma, eles reverenciavam Apolo, que inventou a cítara, precursora da guitarra moderna. A música expressada como matemática era exemplificada na tabela pitagórica de séries harmônicas e sub-harmônicas recíprocas e na música pitagórica das esferas. As razões e intervalos harmônicos pitagóricos aplicados a um grande ciclo de 26.000 anos foram afirmados como uma escala na avenida sagrada de Teotihuacán. Em números efetivos, o Grande Ciclo de 26.000 anos foi reduzido a 25.920 devido à precessão dos equinócios e dividido por 12, com um resultado de 2.160 anos (uma era cósmica).

O intervalo harmônico de 2.160 anos foi inscrito no comprimento da avenida sagrada em Teotihuacán pela raiz 12ª de 2 (2.160 x 1,05 = 2.268). Coerentemente, este número se manifestou no comprimento das paredes em redor da área cerimonial central de 378 hunabs, que é a circunferência de um círculo fatorada com a raiz 12ª de 2 (360 x 1,05 = 378). Além disso, uma extraordinária harmonia foi produzida na área cerimonial pelos numerosos triângulos pitagóricos 3-4-5. Como aconteceu no planalto de Gizé, Teotihuacán foi projetada por mestres arquitetos que deixaram seus monumentos para os povos nativos.

Os segredos dos cristais de fogo e da energia transmitida sem necessidade de cabos por meio da malha da Terra transformariam o mundo moderno. Quem quer que possuísse essa tecnologia teria assegurado o domínio militar e econômico… e então aconteceu que um espião, escondido perto da Grande Pirâmide de iniciação, subornou um guarda para ter acesso aos segredos das câmaras, na manhã de 20 de outubro de 1996.

20 de outubro e 5 de dezembro de 1996 foram as duas datas a que chegou Richard Hoagland, quanto à ocasião em que as câmaras no planalto de Gizé poderiam ser abertas. Essas datas se baseavam em alinhamentos planetários visíveis da Baía da Tranqüilidade na Lua, usados pela NASA para uma missão lunar da Apollo. Isso significa que, se uma pessoa estivesse na Lua, poderia observar um alinhamento de planetas em datas específicas, associadas ao planalto de Gizé e utilizadas pela NASA. Hoagland tinha anunciado apenas a data de 5 de dezembro como um momento provável para a abertura das câmaras em Gizé, sem fazer menção a 20 de outubro. Numa confirmacão da sensibilidade em relação à data, o guarda presente na Grande Pirâmide quando foi filmado em vídeo o conteúdo das câmaras perdeu o emprego.

A data de 20 de outubro foi confirmada além disso pela seqüência de sítios da rede TimeStar ativada nas fases de 13 dias de eclipse lunar (The Once and Future Earth, Duran2). Os sítios triangulares TimeStar foram identificados a partir dos números e da geometria do calendário maia inscritos nas pirâmides em Teotihuacán. A rede diretamente ao sul da Grande Pirâmide foi ativada por 13 dias, de 26 de setembro a 9 de outubro, depois de um eclipse lunar em 26 de setembro. Na fase seguinte de 13 dias, o triângulo da rede contendo a Grande Pirâmide foi ativado de 9 a 21 de outubro. A faixa de 6 graus na qual está situada a Grande Pirâmide foi ativada em 20 de outubro, com o símbolo do calendário para “feiticeiro”. A seqüência geral para essas datas foi publicada em agosto de 1996, mas não designou dia após dia a seqüência de latitudes que foram ativadas.

A data de 20 de outubro para a abertura da câmara e do seu conteúdo, confirmada por duas fontes totalmente independentes, aponta para extraordinários esforços para se apoderar da alta tecnologia de civilizações perdidas. Os registros dessas civilizações que talvez estejam depositados abaixo da Esfinge pertencem ao domínio público. Hancock e Bauval sugeriram que a UNESCO (a sigla em inglês da Organização Educacional, Científica e Cultural das Nações Unidas) é amplamente qualificada para fazer a mediação de interesses mundiais.

Embora seja verdade que a Esfinge e a Grande Pirâmide repousam no solo egípcio, também é verdade que indícios numerosos mostram que os egípcios não construíram os dois grandes monumentos. A preocupação de Hancock é que, enquanto o governo egípcio afirma que não existe nada sob a Esfinge para ser aberto, as evidências afirmam o contrário. Ainda que os cidadãos do Egito concordassem individualmente com Hancock e Bauval, o violento clima político do país muçulmano impediria um apoio aberto. Os direitos dos egípcios de controlar sua própria terra devem ser respeitados, e o mesmo acontece aos propósitos dos construtores da pirâmide para com as futuras gerações.

A espiral da evolução que vacilou na Atlântida deve ascender novamente, ao se reconhecer o direito que cada pessoa tem de participar de escolhas que envolvem o destino humano. Uma vez que o orçamento da Organização das Nações Unidas se baseia em dinheiro pago pelos cidadãos do mundo, todos nós temos legitimamente algo a dizer sobre o que é feito na ONU ou por meio dela. (4) Cada pessoa pode desempenhar a sua parte em fazer da cooperação um paradigma planetário.

NOTAS
1. É possível encomendar informações sobre ankhs com o Dr. Lawrence Kennedy, Starline Unlimited, pirâmide #1-2nd Avenue East, Suite C, Polson, Montana 59860.

2. The Once and Future Earth ($13 + $3 de despesas de remessa) e TimeStar Earth Watch ($8 + $1 de remessa), de Krsanna Duran, podem ser encomendados em The Apollo Bookmart, P.O. Box 639, Yelm, WA 98597. E-mail: timestar@aol.com. Para os mapas da rede TimeStar, procurem o site da Web do boletim (newsletter) Project Earth.

3. O fone e endereço da UNESCO é (212)963-1234; UNESCO, DEC-2 Building, New York, NY 10017.

4. A Organização das Nações Unidas é uma entidade que, na década de 1960, efetivamente ajudou a devolver aos povos indígenas dos Estados Unidos o direito de realizar suas cerimônias tradicionais. Quando o governo norte-americano protestou frente à perseguição soviética aos judeus, a União Soviética respondeu que gostaria de conversar sobre os processos judiciais contra os norte-americanos nativos devido à Dança do Sol. Isso chamou a atenção do mundo para a supressão de práticas religiosas nos Estados Unidos e resultou na restauração dessa cerimônia indígena.

Fonte: http://www.amaluz.com.br/arquivo/1997/52_1.htm

log_pir_47

.

 Gostou? Então Curta nossa página no Facebook.

eu_47 Seja amigo do autor do site no Facebook, e esteja sempre antenado em assuntos interesantes como este.

Posted in Textos sobre pirâmides | Etiquetado: , , , , , | 1 Comment »

A Esfinge: Guardiã das Pirâmides de Gizé

Posted by luxcuritiba em abril 20, 2008

piramidal.net | lojapiramidal.com

compartilhar

Nas areias ao lado das pirâmides, em Gizé, perto do Cairo, está agachada a Esfinge. A significação desse grande monumento ainda nos escapa; nós, que mandamos espaçonaves aos planetas, ainda paramos maravilhados diante desse monstro de pedra e tentamos imaginar em vão os motivos da estranha gente que a construiu. Uma vasta cabeça humana com toucado real ergue-se nove metros acima do corpo de leão com setenta e dois metros de comprimento, esculpido em sólida rocha. Suas feições altivas desprezam as mutilações dos homens e olham com sorriso enigmático através do Nilo, além do sol nascente, transcendendo espaço e tempo, para o infinito insondável do universo.

Sua fisionomia serena brilha com um poder cósmico, irradiando uma aura que acalma as mentes das pessoas, evocando ecos de uma idade, de uma civilização gloriosa e maravilhosa governada pelos deuses. Uma tão grande nobreza dominando as paixões transitórias da humanidade lembra aquelas cabeças colossais da pré-história esculpidas nos picos dos Andes e na Ilha de Páscoa no Oceano Pacífico.

Durante séculos esse animal de pedra viu o homem primitivo começar de novo a civilização, depois as areias móveis engoliram-na esconderam-na da vista e da memória humana. Há seis mil anos, na Quarta Dinastia, o Rei Khafra (Kefren ou Quéfren) desenterrou o monstro e garantiu a sua imortalidade inscrevendo o seu cartucho real no lado da Esfinge, mas as areias ameaçavam enterrá-la novamente. Tutmosis IV, quando jovem príncipe, um dia, por volta de 1450 a.C., cansado de caçar, adormeceu entre as grandes patas, quando o deus Sol lhe apareceu em sonho e o impeliu a afastar as areias que o cobriam.

Em 162 d.C. o Imperador Marco Aurélio olhou com olhar compreensivo e desenterrou a Esfinge para que os homens pudessem admirá-la. Mas nos tempos cristãos só o seu rosto esbranquiçado, batido pelo fogo dos mosquetes turcos espreitava acima da areia… até que no século XIX os egiptólogos trouxeram a maior parte dela à luz; mas ainda agora alguma grande tempestade pode enterrá-la novamente.

Acredita-se que os atlantes adoravam o Sol puramente como representação física do logos solar; quando seus adeptos emigraram para o Nilo, estabeleceram aí a religião do Sol e construíram a grande pirâmide e a Esfinge. Dizem os iniciados que essa cabeça humana sobre um corpo de leão simboliza a evolução do homem desde o animal, o triunfo do espírito humano sobre a besta. Debaixo do monstro devia haver um templo que se comunicava com a grande pirâmide, onde há milênios neófitos de vestes brancas procuravam iniciação nos mistérios da ciência secreta. Milênios mais tarde os sacerdotes egípcios relacionaram a Esfinge com Harmachis, um aspecto de Ra, o deus Sol.

A antiga Índia relacionava a Esfinge com Garuda, meio homem, meio ave, o carro celeste dos deuses; os antigos persas identificavam a Esfinge com Simorgh, uma ave monstruosa que de vez em quando pousava na Terra, outras vezes andava no oceano, enquanto com a cabeça sustentava o céu. Os magos da Babilônia ligavam Simorgh à Fênix, a fabulosa ave egípcia que, acendendo uma chama, consumia a si mesma, depois renascia das chamas, possivelmente um símbolo da renovação da raça humana depois da destruição do mundo. Os povos do Cáucaso acreditavam que o Simorgh alado ou cavalo de doze pernas de Hushenk, mestre lendário que diziam ter construído Babilônia e Ispaã, voou para o norte, através do Ártico, para um continente maravilhoso. Um sábio caldeu disse a Cosmos Indicapleustes no século VI d.C.: …As terras em que vivemos são rodeadas pelo oceano, mas além do oceano há outra terra que toca o muro do céu; e nessa terra é que o homem foi criado e viveu no paraíso. Durante o dilúvio, Noé foi levado em sua arca para a terra que sua posteridade habita agora.

O Simorgh tornou-se a águia de Júpiter exibida nos estandartes das legiões romanas através do mundo antigo; símbolo de poder divino, foi adotada por Bizâncio e tornou-se a divisa heráldica do Santo Império Romano, quando, como águia de duas cabeças, foi ostentada pelos Habsburgos da Áustria; e ainda encontra lugar de honra nos brasões das poucas monarquias que restam atualmente.

A própria Esfinge conjura um mistério mais desnorteante, e contudo talvez mais cheio de humanidade do que nós compreendemos. Algumas pinturas egípcias mostram a Esfinge com asas e rosto humano, retrato de reis ou rainhas; pensamos nos famosos touros alados de Nínive. Os sacerdotes egípcios de Saís falaram a Sólon da grande guerra entre os atlantes e Atenas e disseram-lhe da relação entre o Egito e a Grécia; ficamos mais intrigados ainda ao descobrir ambos os países ligados pela Esfinge.

A mitologia grega representa a Esfinge como um monstro-fêmea, filha de Tifon e da Quimera, ambos monstros com hálito de fogo que devastaram a Ásia Menor, até que foram mortos por Zeus e por Belerofonte em batalhas aéreas que sugerem conflito entre astronaves. A Esfinge aterrorizava Tebas, na Beócia, a cidade mais célebre da idade mítica da Grécia, considerada a terra natal dos deuses Dionísio e Hércules. A esfinge grega tinha corpo de leão alado, peito e rosto de mulher. Pisandro disse que a esfinge veio para a Grécia da Etiópia, provavelmente querendo dizer o Egito. A esfinge tebana importunava os viajantes, propondo-lhes um enigma para decifrarem, depois devorava todos os que não podiam responder.

Um jovem forasteiro chamado Édipo, que significa “pés inchados”, a quem o oráculo de Delfos dissera que estava destinado a assassinar o pai e praticar incesto com a mãe, na estrada de Tebas brigou com o Rei Laio e matou-o sem saber que era seu pai. Édipo desafiou a Esfinge, que lhe perguntou: “Que criatura anda de quatro de manhã, anda com dois pés ao meio-dia e com três à noite?” “O homem”, respondeu Édipo, prontamente. “Na infância ele anda sobre as mãos e os pés, na idade adulta anda ereto e na velhice apóia-se num cajado.” Mortificada pela resposta correta, a Esfinge jogou-se de um rochedo e morreu. Encantados, os tebanos nomearam Édipo seu rei e ele se casou com Jocasta, viúva do rei falecido, gerando quatro filhos. Os deuses enviaram uma praga e Édipo soube que tinha assassinado seu pai e casado com sua mãe. Jocasta enforcou-se, Édipo cegou-se e vagueou cego pela Grécia, acompanhado de sua filha Antígona, até que as Eumênides, as deusas da vingança, o levaram da Terra. Ésquilo, Sófocles e Eurípides escreveram peças clássicas sobre essa tragédia; os nossos psicanalistas evocam este complexo de Édipo, a tirania da mãe sobre o homem, que dizem ser a causa de psicoses atualmente.

É uma estranha história esta, e muito confusa; poderemos relacioná-la com o Egito Antigo? O grande estudioso Immanuel Velikovsky, com magistral erudição, identifica Édipo com o faraó herético Akhenaton, que subiu ao trono em 1375 a.C. Que relação pode haver entre este santo faraó Akhenaton, que tentou reformar o mundo, e o trágico Rei Édipo, marido de sua própria mãe? Poderiam esses personagens extraordinários ser realmente a mesma pessoa em diferentes épocas e em diferentes países? Existe algum mistério mais profundo por trás da imagem de Akhenaton?

Velikovsky afirma com impressionantes argumentos que as esculturas mostram que Akhenaton tinha os membros inchados: Édipo, em grego, significa “pés inchados”; as inscrições sugerem que Akhenaton tomou Tiy, sua mãe, como esposa, e gerou filho nela, exatamente como Édipo, que, sem o saber, casou com sua mãe, Jocasta, e gerou nela dois filhos e duas filhas. Por mais repugnante que seja o incesto para o nosso tempo, no Egito Antigo os faraós consideravam-se uma dinastia divina, de modo que, por razões de Estado, casavam irmão e irmã para produzir um sucessor, embora houvesse sem dúvida algumas exceções nessa prática.

Os egípcios abominavam o casamento entre mãe e filho, embora tolerassem uniões entre pai e filha, privilégio tido por Ramsés II. Os mitanianos e os antigos persas, adoradores de deuses indo-iranianos, acreditavam que a união entre mãe e filho tinha uma alta significação sagrada. As estreitas relações políticas entre o Egito e Mitani provavelmente trouxeram a influência zaratustriana para a corte egípcia, e isso proporciona uma explicação plausível para o casamento de Akhenaton e Tiy, ambos indivíduos dominantes, e sem dúvida explica por que sua esposa legal, a bela Nefertiti, o deixou. O corpo de Akhenaton nunca foi encontrado.

O túmulo miserável de Tiy sugere seu suicídio, Jocasta enforcou-se. Provas tortuosas implicam que Akhenaton depois sofreu cegueira e peregrinou com sua filha Meritaten, que sofreu morte ignominiosa como a trágica Antígona, filha de Édipo, enterrada viva. Akhenaton desapareceu, Édipo foi finalmente removido da Terra pelas Eumênides, deusas da vingança.

Como Shakespeare, que raramente inventava seus enredos mas transmutava velhas histórias com a magia do gênio, Ésquilo, por volta de 500 a.C., tomou histórias antigas para montar suas grandes tragédias. Durante séculos a história do rei egípcio, cego e incestuoso, deve ter sido cantada por bardos através de muitas terras; Sófocles deu cor local ao drama, transferindo a cena com personagens gregos para Tebas, na Beócia, cidade que por alguma estranha coincidência tinha o mesmo nome que os gregos davam à grande capital de No-Amon, no Nilo. Na imaginação popular o Egito era simbolizado pela Esfinge, de modo que Sófocles certamente aproveitou a oportunidade de fazer “bom teatro” fazendo a Esfinge apresentar o prólogo de sua nobre trilogia· Édipo rei, Édipo em Colona e Antígona. Uma explicação espantosa, mas, como todo teatrólogo sabe muito bem, perfeitamente possível. Suponhamos que a história oculte um mistério maior do que se imagina, considerando que muita coisa ainda há de ser descoberta!?…

Um enigma muito mais antigo

O maior símbolo da cultura do Egito antigo, a esfinge de Gizé, teve sua idade reavaliada. Arqueólogos egípcios e norte-americanos analisaram o calcário usado no monumento e concluíram que sua construção ocorreu há mais de 10.000 anos – e não há 4.500 anos, como se imaginava. A esfinge teria sido erguida, então, antes da escrita e das primeiras cidades, na Mesopotâmia. Ela seria mais antiga que a própria História.

Fonte: http://www.starnews2001.com.br/egypt/esfinge.html

Piramidal no Facebook
.
●●● Gostou? Então curta nossa página no Facebook.
.
Autor
●●●
 Seja amigo do autor do site no Facebook e esteja sempre antenado em assuntos interessantes.

Posted in Textos sobre pirâmides | Etiquetado: , , , | 2 Comments »

Uma noite com a Esfinge

Posted by luxcuritiba em abril 19, 2008

banner

Já se foram os últimos turistas, premidos pela fome; o último dos guias embuçados de negro pela milésima vez repetiu seu discurso e erudição superficial, destinado aos estrangeiros que visitam seu velho país; os burricos, cansados, e o camelos, blaterando, empreenderam pressurosos o caminho de regresso, levando os últimos dirigentes da caravana.

A descida da noite sobre a campina egípcia é um espetáculo de inesquecível beleza sobrenatural. Todas as coisas mudam de cor e vivíssimos contrastes se estendem entre o céu e a terra.

Fiquei só, sentado na morna areia amarelada; diante de mim a Esfinge se destacava em sua pose majestosa, estirando-se com imponência. Meus olhos contemplavam fascinados o fantástico jogo de cores sutis, em todos os matizes; aproveitando os últimos lampejos agonizantes que retiravam do Egito seu manto de glória dourada, o sol aparecia e desaparecia em rápida sucessão. Quem pode receber a sagrada mensagem transmitida pelo belo e misterioso resplendor de um crepúsculo africano e não se sentir transportado a um paraíso? Enquanto os homens não estiverem completamente embrutecidos, espiritualmente mortos, continuarão amando ao Genitor da Vida, o sol, que torna possível esses prodígios com a arte de sua magia incomparável. Não eram tolos aqueles homens de antanho quando veneravam Aa, a grande luz, e o albergavam em seus corações como a um deus.

O sol se deteve no horizonte, incendiando o céu com os magníficos lampejos de um vermelho ferrugíneo, de carvão em braza. O colorido foi diminuindo gradativamente e um delicado rubor coralino se estendeu pelo firmamento, até ficar reduzido a meia dúzia de cores diversas, desde o rosáceo até o verde e o dourado, formando um arco-íris diluído que se agitava em reticente adeus à vida. Por último, quando o crepúsculo rapidamente começou a invadir a paisagem, tudo se cobriu de uma opalescência cinzenta. As cativantes cores desapareceram com o grande disco do astro agonizante.

Sobre aquele fundo opalino vi a Esfinge revestir-se da sua roupagem noturna, velando as feições indeterminadas com o vivo reflexo dos últimos raios avermelhados.

Surgida das areias onipresentes, com sua cabeça gigantesca e o corpo reclinado, inspira tanto medo aos beduínos superticiosos que a denominaram a “Mãe do Terror”, quando aos viajantes céticos, em todas as épocas, sua colossal figura impõe perguntas intricadas. O mistério dessa monstruosa combinação, corpo de leão e cabeça humana, exerceu um influxo impreciso e atraiu, no decorrer de muitos milênios, visitantes em procissão interminável.

A Esfinge é tanto um enigma para os próprios egípcios como um arcano inexplicável para o resto do mundo. Ninguém sabe quem a esculpiu, nem quando; os egiptólogos mais competentes só podem conjeturar, às cegas, seu significado e sua história.

Na mirada final que a luz agonizante me concedeu, meus olhos pousaram nos olhos de pedra da Esfinge, fixos e serenos, que viram chegar milhares de pessoas, as quais, uma a uma, miravam interrogativamente a inescrutável face e retiravam-se perplexas; o olhar imóvel da Esfinge – que viu os atlantes, homens de tez morena, de um mundo perdido, desaparecerem sob milhões de toneladas de água; olhar que, semi-sorridente, presenciou a façanha de Menés, o primeiro dos Faraós, que desviou o curso do Nilo, esse bem-amado rio do Egito, obrigando-o a correr em novo leito; olhar que, com silencioso pesar, viu o grave e taciturno rosto de Moisés inclinar-se em sua última saudação; olhar que, melancólico e magoado, testemunhou os sofrimentos do seu país, saqueado e devastado na invasão dos persas conduzidos pelo cruel Cambises; olhar que, belo e desdenhoso, viu a arrogante Cleópatra, a das tranças sedosas, desembarcar de uma galera dourada na proa, de velas de púrpura e remos de prata; olhar que, jubiloso, deu as boas-vindas ao jovem Jesus, o peregrino errante, quando, em busca de sabedoria oriental, se preparava para a hora assinalada de sua missão pública, com a mensagem de amor e de piedade recebida do Pai: olhar que, intimamente cheio de complacência, deu a bênção ao jovem e nobre Salatino, o guerreiro valente, generoso e instruído, ao vê-lo levantar a lança com a meia lua cravada no verde pendão e tornar-se o soberano do Egito; olhar severo de admoestador, a saudar Napoleão como instrumento do destino europeu, esse destino que levara ao ápice o nome do corso, eclipsando todos os demais, para em seguida obrigá-lo a pisar as lisas tábuas do Belerofonte; olhar que, com certa tristeza, viu convergir sobre sua pátria a atenção de todo o mundo, ao ser aberto o túmulo de um soberbo Faraó, para retirar seu cadáver mumificado e seus reais ornamentos, e entregá-lo à voraz curiosidade moderna.

Aqueles olhos de pedra da Esfinge viram tudo isso e muito mais ainda; agora, desdenhando os homens que se consomem em atividades triviais e transitórias, indiferente à interminável cavalgada do prazer e da dor humana que atravessa o vale egípcio, sabendo que os grandes acontecimentos temporais estão predestinados e são iniludíveis, suas enormes órbitas fixam a eternidade. Dão a nítida idéia de que eles mesmos, imutáveis, perscrutam através do tempo e se afundam nas trevas do desconhecido, na origem mesma do universo.

A Esfinge se tingiu de negro; o céu perdeu sua opalescência prateada, e as trevas completas, absorventes, conquistaram o deserto.

E eu continuava sob o poder fascinante da Esfinge, fortemente prêsa minha atenção ao seu poderosos magnetismo, pressentindo que, ao chegar a noite, ela voltava à sua própria existência. O fundo de sombras era seu ambiente apropriado e no misticismo da noite africana encontrava a atmosfera adequada para ela. Ra e Horus, Ísis e Osíris, todos os deuses egípcios desaparecidos, também voltaram furtivamente à noite. Resolvi, portanto, aguardar que a lua e as estrelas aparecessem para revelar mais uma vez a verdadeira face da Esfinge. Fiquei só e, não obstante, a despeito da profunda desolação do deserto, não me sentia solitário.

.:.

As noites do Egito são inteiramente diferentes das noites européias; elas vêm suavemente e sombras matizadas de um azul anivioláceo, e exercem um efeito mágico sobre as mentes sensíveis; enquanto que as noites da Europa são soturnas, terrivelmente categóricas e definidamente negras.

Apreciava pela centésima vez essa diferença, quando apareceu jubilosa a primeira estrela da noite, cintilando tão perto e com tanto brilho como nunca as vemos na Europa; a lua revelou sua presença e, como uma verdadeira sedutora, apoderou-se do céu transformando-o num docel de terciopelo azul.

Comecei a ver então a Esfinge como raramente a vêem os turistas; primeiro foi uma silhueta de tamanho colossal, talhada na rocha, escura e alta como um edifício londrino de quatro andares, elevando-se dignamente numa concavidade do deserto; depois, conforme os raios luminosos iam aclarando os detalhes, apareceram o rosto prateado e as patas estendidas da figura familiar da Esfinge. Vi então nela o impressionante simbolismo daquele Egito cuja origem misteriosa remonta à antiguidade imemorial da pré-história. Estava ali deitada como um cão solitário, guardiã eterna dos segredos milenários, meditando sobre os povos do continente atlante cujos nomes esqueceu a memória frágil da humanidade; a colossal criação de pedra sobreviveu a todas as civilização engendradas até agora pela raça humana e segue conservando intacta sua vida interior. O rosto grave e majestoso não revela nada; seus mudos lábios de pedra comprem o compromisso eterno de guardar silêncio; se a Esfinge oculta alguma mensagem secreta para o homem, ela a transmitiu através dos séculos aos poucos privilegiados que souberam ouvi-la, apenas num sussuro, como o fazem os maçons num supro ao ouvido do candidato à “Palavra do Mestre”. Não é de estranhar que o romano Plínio haja dito da Esfinge que “é a maravilhosa obra de arte ante a qual se observa o rito do silêncio, e é considerada como divindade”.

A noite destaca mais a Esfinge; atrás e dos lados estendia-se a chamada “Cidade dos Mortos”, região literalmente repleta de túmulos. Em torno da base rochosa da qual sobressai da areia a Esfinge, a Oeste e a Norte, todos os túmulos, um após outro, foram escavados para se extrairem deles sarcófagos com os corpos mumificados de príncipes, aristocratas e dignitários eclesiásticos.

Durante seis anos os próprios egípcios, seguindo o exemplo dos pioneiros ocidentais, empreenderam um grande esforço, sistemático e integral, em exumar toda a seção central da vasta necrópole. Retiraram milhares de toneladas de areia das gigantescas dunas que cobriam aquela zona, pondo a descoberto as estritas passagens abertas na rocha como trincheiras que vão de túmulo em túmulo, cruzando-se entre si, caminhos pavimentados que unem as pirâmides aos seus respectivos templos.

Percorri toda essa região de um lado a outro e visitei as câmaras de inumação, os sepulcros peculiares, as salas dos sacerdotes e as capelas mortuárias que a circulam e a fazem parecer um favo de abelhas. Merece realmente o nome de “Cidade dos Mortos” porque, separada por vários metros no espaço e quase três mil anos no tempo, há, dentro dos seus limites, dois grandes cemitérios superpostos. Os antigos egípcios cavavam fundo quando queriam esconder seus mortos; há uma câmara que possui nada menos de cinquenta metros abaixo do nível da famosa calçada. Estive em salas sepulcrais da IV dinastia, onde as efígies de pedra, de cinco mil anos de antiguidade, perfeitas reproduções dos defuntos, continuam de pé, com suas feições claras e identificáveis; quanto aos presumíveis serviços que prestaram aos espíritos, são mais discutíveis.

Todavia, quase não há um túmulo em que a pesada tampa do sarcófago não tenha sido removida e de cujo interior não hajam desaparecido todas as jóias e objetos de valor, ficando apenas as urnas como foram encontradas por escavadores. Os antigos egípcios também tiveram seus saqueadores de túmulos, e quando o povo se lançou-se à procura dos despojos invadindo o vasto cemitério onde as altas personalidades gozavam da honra de ser postas a descansar ao lado das múmias dos reis a quem serviram em vida.

As poucas múmias que escaparam aos primeiros saqueadores da sua própria raça, repousaram algum tempo em paz, até serem violadas sucessivamente pelos gregos, romanos e árabes. As que foram poupadas a essa prova se beneficiaram de um novo repouso que se prolongou até os princípios do século passado, quando os arqueólogos modernos começaram a peneirar o subsolo egípcio para recolher o que haviam deixado passar os ladrões. Apiedemo-nos dos Faraós e dos pobres príncipes embalsamados, cujos túmulos são profanados, e saqueados seus tesouros, pois ainda quando as múmias não tenham sido ultrajadas por ladrões em busca de jóias, o destino parece não lhes ter reservado melhor repouso que o das salas dos museus, para aí serem observadas e discutidas pelo público curioso.

É nesse lúgubre lugar, repleto dos cadáveres de antiquíssima sepultura, que se ergue a Esfinge solitária; testemunhas dos ultrajes e saques da “Cidade dos Mortos”, primeiro pelos egípcios rebeldes, e logo após pelos árabes invasores. Não é de estranhar que Willis Budge, o afamado conservador da coleção do Museu Britânico, haja chegado finalmente à conclusão de que “a Esfinge foi erigida para afugentar os maus espíritos dos túmulos, que invadem o lugar”. Não é de se admirar que o Rei Tutmés IV, há três mil e quatrocentos anos, erigisse sobre o peito da Esfinge uma lápide de pedra de quatro metros de altura e fizesse gravar nela as seguintes palavras:

“Nestas zonas reinou um mistério mágico desde a alvorada dos tempos, porque a figura da Esfinge é o emblema do Khepera (deus da imortalidade), o maior dos egípcios, o ser venerável que repousa neste lugar. Ó habitantes de Mênfis e de todo o distrito circundante, levantem suas mãos e orem ante sua imagem!”

Não é de admirar que os beduínos da cidade vizinha de Gizeh possuam copiosa quantidade de lendas tradicionais que dizem respeito aos egípcios e fantasmas que voltejam, à noite, sobre a área onde está erigida a Esfinge, pois, segundo eles, é esse o lugar onde mais pululam os fantasmas. Porquanto um cemitério antigo como este não é comparável a nenhum cemitério moderno, e os egípcios, ao embalsamarem os corpos de seus grandes vultos, o fizeram deliberadamente para que se prolongasse o contato dos espíritos com o mundo, durante um número incalculável de anos.

A noite, sem dúvida, é o momento mais apropriado para se contemplar a Esfinge e, quando as sombras reinantes dão contornos fantasmagóricos às rígidas formas do mundo material circundante, o mais insensível dos homens crê estar perto do mundo dos espíritos, tornando-se-lhe a mente mais receptiva às sensações agudas.

O céu noturno cobriu-se de um tom índigo-purpurino, tom místico, que se harmonizava admiravelmente com o meu intuito.

.:.

As estrelas foram aumentando até formar-se uma cúpula luminosa sobre a escura imensidão da terra. A lua contribuía com seu esplendor para iluminar a silenciosa paisagem espectral que me rodeava.

O possante corpo de leão sobressaía da oblonga plataforma de rocha e, com maior nitidez, deixava contemplar sua enigmática cabeça. Adiante e atrás de mim, o pequeno planalto perdia-se confundindo-se com o deserto que se estendia até desaparecer absorvido pelas trevas.

Contemplei as abas graciosas da enorme coifa de pedra, semelhante a uma touca, principiando por distinguir seu feitio. A coifa real confere à Esfinge majestade e distinção, qualidades realçadas pela régia serpente que, pousada sobre a fronte, ergue sua cabeça, o símbolo “URAEUS” (1) da soberania, emblema da supremacia divina e humana, de poder temporal e espiritual. A figura da Esfinge aparece com frequencia na escrita hieroglífica, representando o Senhor da Terra, o poderoso Faraó, e um antiga tradição afirma que dentro da estátua há um túmulo do monarca chamado Armais. O arqueólogo francês Mariette, diretor do Museu Egípcio do Cairo, tomou tão a sério essa tradição que decidiu explorar a base rochosa da Esfinge.

“Não é impossível” – declarou numa reunião científica – “que dentro da esfinge, em alguma parte do corpo do monstro, exista uma cripta, uma caverna ou uma capela subterrânea que seja um túmulo.” Porém, pouco tempo depois de ter anunciado seu projeto, a morte bateu à sua porta e lhe tocou a vez de ser sepultado numa cova. Desde então, ninguém se atreveu a perfurar a plataforma circundante da Esfinge, nem a base rochosa onde descansa. Quando, falando com o professor Selim Hassan, a quem as autoridades egípcias haviam confiado a direção das escavações na “Cidade dos Mortos”, abordei o tema e o interroguei a respeito da possibilidade de existirem, sob a Esfinge, câmaras funerárias ignoradas, meu interlocutor desviou a pergunta com uma réplica enfática e categórica: – “A Esfinge foi trabalhada em rocha maciça. Debaixo não pode haver nada mais do que rocha maciça!”

Eu o ouvi com todo o respeito que o professor merecia, mas não me convenci, não aceitando nem rejeitando essa afirmação. Optei por deixar em suspenso a dúvida. O nome de Armais lembra muito o de Harmakis, o deus-sol que, segundo outra lenda, personifica a Esfinge. É bem possível que debaixo dela não haja nenhuma câmara mortuária e que as tradições se tenham confundido com o lento perpassar do tempo. Por outro lado, porém, podem existir recintos abertos na rocha, com outros propósitos que não sejam especialmente funerários, e que os egípcios os usassem, como o provam as outras criptas subterrâneas, a fim de realizar serviços religiosos secretos, que foram sempre bem guardados. Antigas tradições de fontes caldaicas, gregas, romanas e até árabes falam insistentemente de certa passagem a uma câmara subterrânea, que os sacerdotes usavam para se transladarem da Grande Pirâmide à Esfinge. Essas tradições, na grande maioria, carecem de fundamento, mas não há fumaça sem fogo. Tão destros eram os egípcios antigos em abrir passagens na pedra e dissimular as entradas, que nenhum egípcio contemporâneo poderá garantir que o solo onde pisa nunca tenha sido perfurado por engenho humano. Na lápide que Tutmés fez instalar entre as patas dianteiras da Esfinge, os artistas da época esculpiram a figura dela, representando-a num bloco de forma cúbica, onde há todo um edifício com sua grande entrada central e respectivas decorações em baixo-relevo. Ter-se-iam baseado em alguma lenda ancestral, perdida na atualidade? Existiria mesmo um templo em forma de bloco, sepulto na colina rochosa, com a Esfinge descansando no seu teto imenso, como um gigante? Algum dia o saberemos.

O que intriga é o fato de a Esfinge não estar esculpida totalmente na rocha. Os escultores deviam ter reconhecido que um bloco de rocha viva não comportava a dimensão requerida para a enorme obra encomendada, e viram-se obrigados a construir parte do arredondado das ancas e das patas, de quinze metros de comprimento, com tijolos especialmente cozidos e com pedras lavradas, a fim de completar seu tremendo empenho. No entanto, esse conjunto cedeu em parte pelos embates do tempo e da selvajeria dos homens; desconjuntaram-se tijolos e desapareceram outras tantas pedras.

Há cerca de cem anos ali esteve o coronel Howard Vyse, que, licenciado do serviço ativo, regressava da Índia à sua pátria. Em Suez deixou o navio e tornou a diligência postal, mantida pela antiga Companhia das Índias Orientais, para conduzir seus oficiais ao Cairo e dali ao Mediterrâneo, onde tomavam a embarcação. O coronel permaneceu algum tempo no Cairo, atraído pelas pirâmides e pela Esfinge, que visitou repetidas vezes. Ao inteirar-se das antigas lendas que circulavam sobre a Esfinge, empenhou-se em comprovar a veracidade e averiguar se o corpo era oco ou não; nesse intuito mandou perfurar os ombros da Esfinge com enormes ferros providos de cinzéis nas pontas. O resultado foi desolador. As furadeiras, após terem penetrado numa profundidade de oito metros, encontraram sempre a rocha maciça, deixando apenas as marcas das perfurações em sinal do esforço empreendido. Na época do Vyse, porém, por infelicidade só se via a cabeça da Esfinge, estando o corpo sepulto sob a enorme massa de areia; os trabalhos do coronel deixavam, portanto, como estavam, as tres quartas partes sob o monte de areia, e nem sequer se aproximaram da base.

.:.

A noite deslisava furtivamente, silenciosa como uma pantera, numa quietude apenas interrompida pelos uivantes gemidos semi-humanos de algum chacal do deserto, que assinalava o correr das horas. A Esfinge e eu sentados sob a luz clara das estrelas africanas, reforçamos o laço invisível que nos tinha unido, transformando a relação em amizade, e quiçá, também, aumentando nossa recíproca compreensão.

Quando pela primeira vez fui vê-la, há vários anos atrás, a Esfinge tinha cravado seu olhar distante com um tranquilo desdém. Era eu então para ela um mortal a mais, um dos tantos peregrinos insignificantes, um pigmeu imbuído de vã presunção, desejos vaidosos e pensamentos frívolos. A Esfinge parecia-me ser o emblema lobrego daquela Verdade que nunca poderia encontrar ídolo gigantesco, dedicado ao Incognoscível, ante o qual as preces cairiam sem eco nas pálidas areias do deserto e todos os problemas se fundiriam no esquecimento eterno. Fiquei mais cínico e mais cético que dantes, enfastiado do mundo e cheio de amarguras.

Os anos todavia não se passaram em vão; o Mestre Invisível me havia ensinado umas tantas coisas importantes, e eu soube qual era a verdadeira significação da vida. Aprendi que o mundo não girava no espaço, sem ter outra finalidade na sua existência.

Retornei a ver a Esfinge com melhor disposição. Enquanto nos fazíamos companhia na escuridão, ela recostada no seu pedestal, no limiar do deserto da Líbia, eu sentado de pernas cruzadas, na areia, voltei a meditar sobre o misterioso significado do Colosso.

Todos conhecem algumas fotografias da Esfinge e se lembram de seu rosto mutilado, mas ninguém sabe quando e por que foi esculpida em maciça pedra calcária, emergindo da areia, nem quais foram as mãos que transformaram a rocha solitária em uma estátua de proporções gigantescas.

A arqueologia cala-se, baixando a cabeça com vergonha, porque se vê obrigada a retirar suas conjeturas disfarçadas em teorias que sustentava cheia de confiança, até poucos anos atrás. Agora, não se atreve a pronunciar um móvel sequer, nem expor um fato concreto; já não se aventura a atribuir a Esfinge ao Rei Khafra ou ao Rei Khufu, porque chegou a compreender que as inscrições descobertas só indicam a existência do Colosso durante aqueles reinados.

Nos papiros que foram encontrados até agora não há praticamente indícios além da XVIII Dinastia, que digam respeito à Esfinge, e além da IV nenhuma inscrição na pedra a menciona. Nas escavações que se fizeram em busca de antigos despojos, havia uma inscrição em que se fala da Esfinge como de um monumento cuja origem se perde na noite dos tempos, e que foi encontrada casualmente depois de haver estado enterrada nas areias do deserto, completamente esquecida e ignorada de todos. Essa inscrição pertence ao período da IV Dinastia, cujos Faraós viveram e reinaram no Egito há mais de seis mil anos. E PARA ESSES ANTIQUÍSSIMOS REIS A ESFINGE JÁ ERA INCALCULAVELMENTE VELHA.

.:.

A noite traz o sono; mas eu resolutamente o afastava ao chegar a essa altura de minhas reflexões noturnas; as pálpebras cansadas começavam a pesar movidas por rebelião involuntária, e minha mente a dormitar; duas forças disputavam a supremacia – a primeira era um desejo ardente de passar a noite acordado junto à Esfinge – a segunda, um crescente impulso de entregar corpo e alma à suave e soporífera carícia das trevas envolventes. Por fim, logrei conciliar as duas coisas, firmando um tratado de paz em virtude do qual eu manteria os olhos apenas entreabertos numa vigilância renitente que não me permitiria ver nada, e a mente apenas desperta deixaria deslisar os pensamentos num devaneio colorido, em câmara lenta.

Abandonei-me um instante à serena languidez que sobrevem quando a mente permanece em repouso. Não sei quanto tempo havia passado nesse estado, quando num dado momento sumiram da minha visão mental as cores, e no seu lugar apareceu uma ampla e extensa paisagem, iluminada pela luz fosforescente do plenilúnio.

Vi-me rodeado de uma multidão de figuras escuras que se moviam apressadamente, indo de um lado para outro, algumas levando cestas carregadas na cabeça, outras subindo e descendo as frágeis estacas de um andaime armado junto a uma enorme rocha. Havia entre elas os encarregados da obra, que davam ordens aos operários e observavam atentamente o trabalho dos homens, que armados de martelos e cinzéis lavraram a pedra previamente marcada com pontos, imprimindo uma forma ao desenho. O martelar contínuo soava insistentemente no ar.

Aqueles homens tinham o rosto oval, a coloração da pele castanho-avermelhada ou amarelo-acinzentada, o lábio superior notavelmente saliente.

Concluindo seu labor, o escarpado promontório rochoso se havia transformado numa cabeça humana gigantesca, assentada num corpo de leão, formando um conjunto monumental que se erguia no centro de um grande bloco de granito. Na cabeça da estátua, sobre uma curiosa espécie de touca de amplas pregas, presas atrás das orelhas, havia um disco de ouro maciço…

A ESFINGE!

A multidão desapareceu, deixando a paisagem tão silenciosa como túmulo deserto. Vi então à minha esquerda um mar extenso que cobria a terra com suas águas tranquilas, a uma légua de distância. Aquele silêncio continha algum presságio que não pude compreender, quando do coração mesmo do oceano veio um bramido profundo e prolongado, a terra estremeceu sob meu corpo, e com estrondo ensurdecedor alçou-se no ar uma imensa parede de água que se lançou sobre nós, a Esfinge e eu, e nos inundou a ambos.

O DILÚVIO!

Houve um intervalo, não sei se de um minuto ou de mil anos, antes de ver-me de novo sentado ao pé da grande estátua. Olhei em redor, não havia mar nenhum. Em compensação, via-se uma extensa planície pantanosa, ressequida pelo sol e salpicada aqui e acolá de grandes manchas brancas, granulosas e salgadas. O sol em brasa lançava, implacável, seus raios escaldantes na areia deserta, até que as manchas foram aumentando em tamanho e quantidade. Ao desaparecer a última gota da umidade dos pântanos, a campina e transformou numa superfície fofa, porosa, seca e cáustica de cor amarelo-pálida.

O DESERTO!

A Esfinge continuava contemplando a paisagem; parecia satisfeita com sua existência solitária. Os lábios grossos, fortes, pareciam estar prontos a desabrochar num sorriso. Que perfeita harmonia havia aquela figura solitária e o solitário ambiente que a rodeava! O espírito da solidão parecia ter encontrado naquele Colosso impassível sua digna encarnação.

Assim seguiu a Esfinge na imperturbável espectativa, até o dia em que uma pequena flotilha de barcos acostou à margem do rio; um grupo de homens desembarcou, avançou lentamente e aproximou-se da Esfinge, prosternou-se diante dela, levantando suas preces jubilosas.

Desde aquele dia o feitiço do silêncio rompeu-se; nas planícies, nas terras adjacentes construíram-se vivendas e os reis iam com seus sacerdotes fazer corte à que era a rainha sem corte do deserto.

Com a chegada deles foram embora as minhas visões, como se apaga a chama do candeeiro, quando acaba o combustível.

Fonte: O Egito Secreto, Paul Brunton, Editora Pensamento, pp. 9-19.

log_pir_47

.

 Gostou? Então Curta nossa página no Facebook.

eu_47 Seja amigo do autor do site no Facebook, e esteja sempre antenado em assuntos interesantes como este.

Posted in Textos sobre pirâmides | Etiquetado: , , , | Leave a Comment »

A Mensagem da Esfinge

Posted by luxcuritiba em abril 19, 2008

banner

Sheik Al-Kaparra

Debruço-me hoje sobre as areias da tua alma e deixo por instantes de admirar as infinitas miragens do deserto das vidas. Quero ocupar-me de ti nesta hora de solene intimidade e conversar contigo no silêncio do teu quarto.

Não sou um mito de pedra nem tenho morada nos areais do Egito. Meu monolítico perfil é feito de estrelas e galáxias jamais suspeitadas pela tua mais elaborada fantasia e minha essência impregna o âmago de todos os mistérios conhecidos e desconhecidos. Existo em todos os recantos do Universo, bem como na mais secreta dobra da tua alma. Sou o enigma de Deus e, portanto, o teu enigma.

Não devoro nem corpos nem almas. Os beduínos que me contemplam, mas não entendem, é que são devorados por seus próprios erros e ilusões. Assim, vida após vida, corpo após corpo, nome após nome, eles vagueiam como sombras pelo meu deserto, participando sem saber da infinita encenação do Teatro Universal.

Tal como eles estás errando pelas areias da vida. Vejo que não tens cavalo, camelo ou sandálias. Existem andrajos por baixo de tuas melhores roupas. Na verdade, estás nu(a) por baixo delas. Percebo em ti uma fome e uma sede infinitas. Há um certo cansaço em teu rosto e muitas bolhas em teus pés. Existe em teus olhos a esperança do próximo oásis e na tua memória a imagem amarga de todas as desilusões que passaram. Noto até mesmo uma certa vontade de desistir…

Tenho ouvido tuas súplicas silenciosas. Sou a grande testemunha de Deus. Tenho acompanhado tuas angústias secretas. Não sou um assombro de pedra como possas pensar. Tudo em mim se enternece diante dos teus reclamos mais íntimos porque também sou uma imagem do Deus a quem oras, na verdade um Deus bem diferente do que imaginas.

É mentira dizer que as esfinges são monumentos pétreos e famintos que devoram a todos que não resolvem o seu enigma. Eu e todas as minhas irmãs, da Terra e do Universo, sabemos sorrir e chorar. Na verdade, somos o estribilho da tua dor, o eco das tuas parcas alegrias e uma das notas fundamentais da Canção Universal. Não sou de carne, mas conheço as agruras da carne. Não tenho ossos, mas conheço as aflições da medula. Estou no teu sorriso e na tua lágrima, no teu sonho realizado e na amargura do teu fracasso. Sou companheira de todos os vôos da tua alma. Vivo no silêncio secreto da tua intimidade e conheço todos os teus gemidos mais íntimos. Para mim sempre foste de cristal…

Já ouvi várias vezes a tua história, pois foste tu mesmo(a) que a contaste. Sempre estive mais disposta a ouvir do que a falar. Sou o teu confessionário secreto e, portanto, a mais fiel das testemunhas de quem realmente és por trás da máscara da personalidade e do teatro do mundo. De mim não precisas esconder nada, pois sei tudo. Sou dona de teus mais caros segredos, mas os respeito com a dignidade de um confidente silencioso. Afinal, existe mais sabedoria no silêncio do que nas palavras…

Muitos mistérios compõem o meu próprio mistério. Assim quis o Grande Arquiteto que me criou com a Magia dos Quatro Elementos que latejam em teu corpo e no meu. Em mim trabalham os gnomos, banham-se as ondinas, deslizam os silfos e dançam as salamandras. Procuro despertar-te para o quinto elemento, a silenciosa alavanca que, uma vez dominada, fará com que tenhas poder sobre tudo que te cerca, inclusive o mistério que dorme em mim. Se me compreenderes e dominares estarás no primeiro patamar da Luz e no solene berço da Magia.

Não estou apenas no deserto ou no pórtico de alguns templos. Estou dentro de ti e sou parte de ti. Represento o Mistério de Deus, mas não sou Deus. Represento o fundamento da Magia, mas não sou a Magia. Portanto, não deves me adorar nem me tomar pelo que não sou. Reflete, antes, sobre o que te digo, pois é muito grande a legião de seres que, mesmo me possuindo, ignora completamente por que razão existo e por que motivo aguardo.

És um(a) andarilho(a) como tantos outros que cruzam as areias do deserto da vida. Buscas o mesmo horizonte e padeces das mesmas ânsias. Todas as tuas lágrimas já foram choradas e teus sonhos hoje são névoas que pairam no silêncio de todos os campos santos.

No enganoso oásis das cidades, sejam elas metrópoles ou povoados, vive-se para o momento e para o lucro fácil. É muito prática e superficial a filosofia dos homens. Irmãos devoram irmãos, maculando a fraternidade cósmica com a nódoa do egoísmo e o feio esgar da ambição. Nessas cidades os momentos de paz, cada vez mais raros, são meros interlúdios para novas guerras e o dinheiro, transformado em deus de barro, reúne a seus pés uma interminável multidão de súditos. É aterrador o ritmo da civilização e pungentes os gemidos que se desprendem de casas e edifícios, seja no campo, seja nas cidades.

Preserva o teu lar, mesmo que te sintas sozinho(a). Preserva o teu jardim interno, porque ninguém poderá substituir as tuas flores. Constrói um cantinho para ti e respeita-o como se fosse o teu templo secreto. Será em seus braços que poderás, um dia, falar com Deus. Não o conspurques com presenças discordantes nem permitas que esse pequeno santuário seja vilipendiado pelos superficiais. Deixa que a luz das estrelas more contigo e que teu interior seja sempre uma campina enluarada. Nada é perfeito sem AMOR. Cultiva-o ainda que te faça sofrer. Raramente os aliados do AMOR são aceitos sem represálias. Portanto, aceita o sofrimento como um imposto a pagar pelo ato de tão bem querer…

Aprende a interiorizar-te. Se não souberes como, pergunta a quem sabe e já o fez. Todas as respostas que formulas do lado de fora se acham respondidas do lado de dentro. Eu as dou todas.

Mas primeiro precisas dominar-me e compreender o que para tantos ainda é nebuloso ou quase impossível de perceber. Precisas elevar-te uma oitava acima da sensibilidade corrente. A vibração do homem comum não me alcança Passam ao largo os distraídos e os mistificados. Desiludem-se os ansiosos. Entendem-me mal os adoradores da matéria. Tu, no entanto, precisas me entender integralmente, caso estejas realmente interessado(a) em evoluir.

Sabias que até a busca do amor humano é uma forma de procurar uma imitação do amor de Deus? Em todos os teus anseios mais secretos repousa a necessidade de pertencer. Queres possuir alguém e ser possuído(a) por alguém. Queres amar e ser amado(a) com uma perfeição que desafia as imperfeições do mundo. Assim, mesmo sem o sentires, desejas intimamente que o amor buscado e encontrado seja como o amor perfeito do Pai Celestial, um amor infinito, reconfortante, livre de deslizes ou máculas, um amor em que possas confiar de modo pleno e seguro. Um amor que te faça sentir realizado(a) e livre das preocupações que regem o concerto dos encontros. Como não é exatamente o que sonhavas isso te incomoda, não é mesmo? Isso te torna preocupado(a) e te faz infeliz. É que talvez ainda não te tenhas apercebido de que os seres humanos são, apenas, aprendizes do amor e que é essa a grande lição ainda não aprendida pela humanidade.

Homem algum é uma ilha, porque mesmo as ilhas desertas têm praias que se abrem aos beijos do mar. Mesmo as ilhas desertas têm florestas que se espreguiçam aos beijos do sol e às carícias da lua. Até mesmo as pedras se deixam envolver pela fúria amorosa do oceano e aceitam com ternura o amor dos moluscos. Todo homem, para ser realmente homem, tem de dar-se por inteiro a quem lhe queira tomar por inteiro.

Mas a solução do pertencer não se encontra oculta por trás das últimas estrelas, nem ao redor do disco cintilante dos milhares de sóis anônimos que pairam no universo. O pertencer é, antes de tudo, a disposição de não sermos apenas de nós mesmos, mas de alguém especial ou de toda a humanidade. O melhor nos seres humanos clama por amor, porque o amor realiza a divina alquimia que transmuta o chumbo em ouro. Essa alquimia ainda não compreendida tem no AMOR a sua pedra filosofal e era isso, afinal de contas, que os verdadeiros alquimistas da Idade Média procuravam passar aos leigos por trás de suas complicadas fórmulas. O “ouro filosofal” nada mais era (e ainda é) do que uma profunda reforma interna derramada num cálice de dor. Os alquimistas superficiais, ainda não preparados para a Grande Obra, prometiam prodígios aos potentados e, de vez em quando, voavam pelos ares em seus laboratórios de pesquisa, do mesmo modo que hoje “voam pelos ares” todos aqueles que se atrevem a utilizar métodos sórdidos para chegar e se identificar com a Divindade ou dela se tornarem prolongamentos.

Não fujas de mais nada nem de ninguém. Enfrenta-te sem as máscaras usuais da tua pretensa “personalidade” e olha-te como realmente és com novas e mais poderosas lentes. Não é bom o conselho que te derem os que nem mesmo conseguem orientar-se a si mesmos. Torna-te surdo(a) ao argumento materialista, porque ele não consegue sair de si mesmo e é impotente para julgar o Infinito. Recorda sempre que matéria é energia condensada e que, portanto, tudo é matéria e tudo é energia. Isso te ajudará a entender melhor como é frágil a base da argumentação materialista e como é enganosa a estrada que tantos aconselham.

Quanto ao amor, aceita-o com todas as suas provas, porque é somente amando que voltas a ser criança e te tornas digno(a) da oportunidade de ter nascido na Terra ou em qualquer outra dimensão espacial. Se o amor te feriu ou invalidou por longos períodos de tempo e precisaste de uma longa convalescença para conquistar a tranqüilidade perdida, não deixes que isso impeça que o continues sentindo por outra pessoa ou por toda a humanidade. E que isso não te pareça estranho, porque existem diferentes formas legítimas de amar e ser amado(a). Assim, sê corajoso(a) e bate em todas as portas sem medo de quaisquer julgamentos. O amor oferece ao homem e à mulher exercícios um tanto complexos dentro do contexto das relações humanas. Como aluno(a) deves estudar e praticar o amor em todas as sua formas porque és fruto do AMOR UNIVERSAL e o AMOR UNIVERSAL age em todos os planos como um camaleão cósmico. Procura lembrar-te sempre que não és o corpo que vestes nem o que os espelhos refletem. Sente-te, pois, livre de amar e ser amado(a) mesmo das formas mais inusitadas. Ouve esta verdade pouco conhecida: todos os amores são legítimos porque todos são ramificações do AMOR UNIVERSAL.

Perdido um amor não procures efetuar substituições. Cada ser é amado de uma forma diferente e nunca um amor é cópia do outro. Assim, procura não enganar-te de forma tão cruel! Abraça-te a um amor antigo ou a um amor novo como as ilhas se abrem ao mar, como as matas se abrem ao sol e como o lótus se abre ao orvalho da noite. Não percas mais tempo com minúcias desnecessárias. O amor poderá realizar-te material e espiritualmente, de forma que possas dizer com justo júbilo: “Agora estou completo(a)!” Achas que poderias dizer isso agora? Permite que duvide…

Passa uma esponja no passado. Dissolve os teus grilhões e corta todos os liames que ainda te prendem a ele. Desenrola os cipós do pretérito. Começa vida nova em todos os sentidos. Apaga pessoas, fatos, dores, desenganos ou quaisquer experiências pelas quais te sintas marcado(a). Olha para a frente. Olha para mim. Mede teu novo horizonte. Aprende a olhar para tudo, inclusive para o céu de ti mesmo(a). Admira o brilho das estrelas que existem e já existiram. Acompanha com admiração a trajetória errante dos cometas. Torna-te surdo(a) aos conselhos “práticos” que encontras em livros e interlocutores duvidosos. Os materialistas com quem colides só te podem dar conselhos horizontais, porque lhes é impossível qualquer tipo de verticalização. Quem é amargo só pode dar conselhos amargos. Quem é pessimista só pode dar conselhos sem fé. Lembra-te que cada um é produto de suas próprias experiências. Que sabe a figueira das maçãs que nunca conheceu? Que sabem os peixes da superfície de seus outros irmãos que habitam as regiões abissais? As respostas definitivas se acham dentro de ti. As temporárias vagam pelo mundo como retalhos imperfeitos da Verdade Absoluta que mora em tua essência mais íntima.

O mundo em que vives é um mundo cheio de almas superficiais, pouco profundas e convencidas. Nada sabem, mas pensam saber tudo. Não conseguem sequer me ver no fundo de si mesmas. De um certo modo, vivem para armar o próximo bote em cima da próxima vítima, sendo vítimas todos que lhes atrapalham o caminho. Não permita que essas almas “práticas” deformem o teu caráter pelo exemplo constante. Recua em tempo de não te transformares em mais um elo do Poder Desagregador. Isso seria matar ou adormecer de vez o anjo que mora em ti, substituindo-o por mais um demônio sequioso de liberdade.

Todos os demônios de que ouves falar foram um dia anjos que caíram. Não te transformes em mais um deles. Permanece anjo o mais que puderes e deixa que riam de ti.

Tens me procurado em cada pergunta que formulaste ao vento, ao sol e à terra. Se não aprenderes a perguntar a mim serás mistificado(a) até mesmo pelo mais renomado guru, porque o desnudamento da Verdade é proporcional ao grau de evolução de cada um e mesmo os mais evoluídos do teu mundo ainda precisam aprender muito, embora em outros Planos de Existência. Na casa do Pai há muitas moradas e cada morada é uma escola.

Uma vez iniciado o nosso diálogo logo perceberás que ele não tem fim. Um consolo te resta, no entanto: nunca te direi mentiras. Haverá sempre novas informações e elas irão mudando, aos poucos, a visão que tens de todos os seres, coisas e mundos. Depois que começares a conversar comigo tudo será diferente e nunca ninguém saberá o que sabes, a não ser uns poucos escolhidos com quem converso.

Comigo aprenderás o sublime valor do silêncio, porque só no silêncio te posso falar. Os ruídos do mundo apagam a minha voz porque ela é feita de notas que não existem na escala sonora dos homens. Portanto, seja qual for o teu credo, seja qual for a tua filosofia ou visão crítica do universo recolhe-te a um lugar tranqüilo e esquece o mundo com todas as suas inconveniências ruidosas. Começa por relaxar o teu corpo, afim de que tudo se acalme dentro de ti. Fecha, em seguida, os olhos e deixa-te flutuar no colchão do meu silêncio. No princípio pensamentos desconexos virão à tua mente e cruzarão teu céu interior como cometas enfurecidos. É tua rotina que se rebela contra teu novo estado espiritual. Deves insistir porque isso é passageiro. Depois de relaxado(a) virá a sensação de flutuação. Então, dar-te-ei o sinal da minha presença. Pequenas frases percorrerão o teu cérebro e minha voz inaudível será por ti ouvida dentro da cabeça sem o auxílio dos ouvidos. A voz da Esfinge dispensa o auxílio do tímpano. Uma advertência, contudo: se ouvires sons de campainha ou plangentes acordes de harpa é sinal que talvez estejas entrando em contato com o plano do teu Mestre ou merecendo participar, por instantes, de regiões mais elevadas do Plano Astral. Será preciso, então, que controles as emoções e que não te deslumbres com nada. O deslumbramento fácil poderá te custar muito caro, porque há mistificadores no Plano Astral e eles poderão te enganar com a imagem de um falso mestre ou com algum tipo de cena que te apele aos sentidos grosseiros. É preciso cuidado para não te ajoelhares diante de certos demônios…

Depois disso, controladas as emoções e ouvidos os primeiros conselhos do teu verdadeiro Mestre, ele te dará forças para que continues por ti mesmo(a) e, então, aparecerei para conversar contigo. Ele estará ocupado com outros discípulos. Como não tenho forma definida poderei aparecer-te como bem me aprouver. Para essa transformação conto com a paleta dos Quatro Elementos. Espero que me reconheças…

Nosso verdadeiro diálogo ainda não começou. Aceita estas palavras como um amável convite. Por hoje só posso dizer o que já disse. O resto é contigo. Vou me dissolver agora na canícula do deserto. E o próprio deserto vai desaparecer como se fosse miragem. Vou dormir um pouco no berço do Cosmos e meu corpo assume a forma de uma criança inocente. Será preciso que durmas também e que te faças criança como eu. O camelo do sono virá buscar-te para que adormeças aos pés da mais tépida tamareira.

Olha como a noite está bonita…! Para além daquelas estrelas cintilantes está tua verdadeira pátria. As últimas nebulosas visíveis são a fronteira do teu Lar. Ali te esperam teus verdadeiros amigos e ali continuarás a ser mais um obreiro iluminado a cooperar na construção do Grande Edifício da Verdade.

Vai descansar também. Acho que te fatiguei. Volta, por enquanto, ao teu mundo, mas guarda silêncio sobre o nosso diálogo. Se desobedeceres, dirão que estás louco(a) e não queres que digam isso de ti, não é mesmo?

Fico aqui agora. Vai e volta quando quiseres. Estarei te esperando eternamente e tua saudade de mim será igual à minha saudade de ti. Logo estaremos juntos de novo, porque, se queres saber, nunca estivemos separados.

log_pir_47

.

 Gostou? Então Curta nossa página no Facebook.

eu_47 Seja amigo do autor do site no Facebook, e esteja sempre antenado em assuntos interesantes como este.

Posted in Textos sobre pirâmides | Etiquetado: , , | Leave a Comment »

 
%d blogueiros gostam disto: