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Contrabando na Antiguidade

Posted by luxcuritiba em abril 7, 2012

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Em 1976, os restos mumificados do faraó egípcio Ramsés, o Grande, foram exibidos no Museu da Humanidade, em Paris. Foi uma oportunidade única para os estudiosos de toda a Europa. Como as bandagens que envolviam a múmia precisavam ser substituídas, enviaram a botânicos pedaços do tecido para que fossem analisados.

A dra. Michele Lescott, do Museu de História Natural de Paris, teve a sorte de receber uma dessas pequenas amostras para estudo. Após minucioso exame, ela descobriu o que pareciam ser salpicos grudados às fibras do fragmento. Ao microscópio, eles tinham a aparência de tabaco. Ela fez várias experiências, sempre com o mesmo resultado. Disseram-lhe que a amostra de tecido devia ter sido contaminada por um trabalhador que pitava cachimbo. Entretanto, o tabaco não foi introduzido no Egito antes dos tempos modernos.

Mais de um século atrás, o rei da Bavária levou para um museu em Munique o sarcófago ornamentado – e sua múmia – de Henut Taui. (“Senhora das duas terras”: múmia feminina da 21a. dinastia, cujo sarcófago era decorado com figuras de Nut, rainha do céu. – N. da T.) Em 1992, pesquisadores deram início ao projeto de investigar seu conteúdo. Para as análises químicas, confiavam na dra. Svetla Balabanova, do Instituto de Medicina Forense de Ulm. Os resultados obtidos pelos testes que ela conduziu foram bastante desconcertantes. O corpo de Henut Taui continha grandes quantidades de cocaína e nicotina; mas, durante a Antiguidade, o tabaco só crescia nas Américas, e a coca, nos Andes bolivianos.

Como os primeiros cinco resultados positivos foram um choque, ela enviou amostras para outros três laboratórios. Mais uma vez, os resultados deram positivo e, então, ela os publicou. A reação dos acadêmicos foi feroz, como relata Balabanova:

Recebi uma pilha de cartas insultuosas, quase ameaçadoras, dizendo que eu estava fantasiando, que aquilo era uma bobagem impossível, porque já fora provado que antes de Colombo essas plantas não eram encontradas em nenhum lugar do mundo exceto as Américas.1

Contudo, os testes utilizados por Balabanova nos fios de cabelo são um método muito bem aceito para determinar o uso de drogas. Tem sido assim pelos últimos 25 anos. E não há chance de contaminação. Drogas e outras substâncias consumidas pelos seres humanos penetram nas proteínas do cabelo, onde ficam por meses, e permanecem mesmo depois da morte. Na verdade, podem permanecer ali para sempre.

Para certificar-se de que não há contaminação externa, a amostra de cabelo é lavada em álcool e, então, a própria solução usada na lavagem é testada. Se o teste da solução der negativo, mas o do cabelo der positivo, então, a droga deve estar dentro do fio de cabelo, o que significa que a pessoa consumiu droga em algum momento de sua vida. Os toxicólogos consideram a análise do cabelo uma maneira de descartar contaminação após a morte. Balabanova garante tanto seus métodos quanto os resultados obtidos:

Não há jeito de haver erros nesse tipo de teste. O método é amplamente aceito e já foi usado milhares de vezes. Se os resultados não forem genuínos, então a explicação deve estar em outra coisa qualquer, e não nos meus testes, pois tenho absoluta certeza acerca dos resultados.2

A flor de lótus poderia explicar esses resultados desconcertantes. Ele contém forte nicotina e era, de fato, usada, como mostram as inscrições no grande templo de Karnak. As inscrições mostram egípcios derramando flores de lótus numa taça, cujo conteúdo – provavelmente vinho – devia reagir com a planta e liberar, assim, a nicotina. Mas há um problema com essa solução. O nível de nicotina encontrado nas múmias era letal. Balabanova acredita que o tabaco devia ser usado no processo de mumificação. Altas doses de nicotina são bactericidas, e podiam ser usadas no processo de preservação. Será esse parte do bem guardado segredo da mumificação? Outra explicação poderia ser a de que existiam espécies de tabaco que hoje estão extintas. Os botânicos nos asseguram, porém, de que se outras antigas espécies de tabaco tivessem existido, eles saberiam.

Encontrar cocaína nesses antigos restos mortais é uma outra história, completamente diferente. De acordo com a dra. Sandy Knapp, do Museu de História Natural de Londres, encontrar cocaína em múmias egípcias é quase impossível.3 Foram realizados testes nas múmias para determinar se elas eram autênticas. Elas eram. Balabanova diz que se trata de um mistério, mas admite que seja concebível que a planta de coca fosse importada pelo Egito antes dos tempos de Colombo, a única alternativa para explicar os fatos. Poderia mesmo ter havido um comércio de drogas internacional na Antiguidade, com conexões até as Américas? Os egiptólogos, como John Baines, da Universidade de Oxford, acham essa ideia ridícula:

A ideia de que os egípcios viajassem para a América é totalmente absurda. Não conheço ninguém que exerça profissionalmente a função de egiptólogo, antropólogo ou arqueólogo que acredite seriamente em quaisquer dessas possibilidades, e também não conheço ninguém que perca tempo pesquisando nessas áreas, pois são encaradas como áreas sem significado real para a matéria.4

Mas, na verdade, há gente fazendo essa pesquisa: é o caso de Alice Kehoe, da Universidade Marquette, e de Martin Bernal, da Universidade Cornell, bem como de Robert Schoch, que apresentou sua teoria em “Voyages of the Pyramid Builders“. Kehoe acredita que há evidências tanto do contato transatlântico quanto do transpacífico entre os hemisférios oriental e ocidental, mas admite que alguns arqueólogos evitam discutir a questão. A batata-doce, afirma ela, prova isso, e há esculturas de deusas indianas segurando uma espiga de milho. Amendoins foram encontrados no oeste da China, e há outras descobertas que dão crédito a essa teoria. Bernal, professor emérito de história antiga do Mediterrâneo oriental, concorda, em teoria, e chama essas viagens às Américas de “esmagadoramente prováveis”.5

Essas opiniões são respaldadas, em parte, por ânforas romanas encontradas em 1975 em um porto brasileiro chamado Baía das Ânforas.* Alguns estudiosos sugerem que uma galera romana afundada poderia ser a origem delas, mas essa interpretação é contestada vigorosamente. Entretanto, no Brasil também há uma inscrição que aparenta ser de uma antiga linguagem mediterrânea.** E, no México, existem estatuetas de 3 mil anos de idade que ostentam barbas, uma característica desconhecida entre os nativos americanos, e também estátuas colossais que aparentam ser africanas. Esses itens foram apontados pelo autor de best-sellers Graham Hancock, em “Fingerprints ofthe Gods“.

O problema que se apresenta àqueles que compartilham tais teorias de viagens transatlânticas é a falta de artefatos para sustentá-las. Evidências físicas, tanto na África quanto na América, são difíceis de encontrar. Pode ser que os egípcios não fossem um povo de navegadores, mais pode ser também que outros povos o fossem. A questão, então, passa a ser: quem eram os viajantes transoceânicos? As opiniões se dividem. Alguns estão totalmente convencidos de que povos exploradores cruzaram os oceanos. Outros acham essa ideia absurda. Entretanto, a ciência tem um histórico de rotular teorias como absurdas e descobrir, um belo dia, que elas eram verdadeiras.

* Baía de Guanabara. Mais tarde, descobriu-se que um mergulhador italiano havia “plantado” as ânforas ali, e que elas eram, na verdade, do século XX. (N. da T.)

** Na Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro, há uma inscrição gravada na rocha, escrita supostamen-te em fenício, uma linguagem semita que os estudiosos só conhecem de inscrições. A transcrição da inscrição é “LAABHTEJBARRIZDABNAISINEOFRUZT”. Como o fenício, assim como o hebraico (linguagem existente mais próxima), é escrito da direita para a esquerda, pode-se ler “TZUR FOENISIAN BADZIR RAB JETHBAAL”, cuja tradução seria “Tiro, Fenícia, Badezir, primogénito de Jetbaal”. Badezir governou a Fenícia por volta de 850 AEC. A Fenícia ocupava a planície costeira do que é hoje o Líbano. (N. da T.)

Fonte: O Egito antes do Faraós, Edward F. Malkowski, Editora Cultrix, São Paulo-SP, 2010, pp.181-184.

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Caixas de granito em túneis de pedra

Posted by luxcuritiba em fevereiro 19, 2012

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Em fevereiro de 1995, Dunn reuniu-se com Graham Hancock e Robert Bauval no Cairo para participar de um documentário. Enquanto estava lá, ele mediu alguns artefatos produzidos pêlos antigos construtores de pi­râmides, que provam, sem sombra de dúvida, que métodos e instrumen­tos altamente avançados e sofisticados foram empregados por essa antiga civilização. O grupo estava examinando artefatos encontrados nos túneis de pedra no Templo do Serapeum, em Sakara, local da pirâmide em degraus e da tumba de Djoser. Diz Dunn:

Estávamos na sufocante atmosfera dos túneis, onde a poeira levantada pela passagem de turistas flutua no ar parado. Esses túneis contêm 21 imensas caixas de granito. Cada caixa pesa umas 65 toneladas, e, com a imensa tampa aplicada sobre ela, o conjunto pesa cerca de 100 toneladas. Logo na entrada dos túneis há uma tampa que não foi acabada e, atrás dessa tampa, mal se contendo nos limites de um dos túneis, há uma caixa de granito que tampouco foi acabada.

As caixas de granito têm aproximadamente 4,2 metros de comprimento, 2,5 metros de largura e 3,6 metros de altura. Estão instaladas em “criptas” que foram cortadas em intervalos escalonados do leito de calcário nos túneis. Os pisos das criptas ficam a mais ou menos 1,3 metro abaixo do piso dos túneis, e as caixas estão postas em um recesso, no centro. Bauval estava estudando os aspectos técnicos da instalação de caixas tão grandes em um espaço confinado, no qual a última cripta se situava perto do final do túnel. Sem espaço para que centenas de escravos puxassem as caixas com cordas para posicioná-las, como é que elas foram postas em seus lugares?

Diagrama de caixa de granito usinada (clique para ampliar)

Enquanto Hancock e Bauval filmavam, desci em uma cripta e coloquei meu esquadro contra a superfície externa da caixa. Estava perfeitamente plana. Acendi a lanterna e vi que não havia desvio na superfície plana. Subi e olhei para o interior de outra daquelas caixas imensas e, mais uma vez, fiquei espantado com a regularidade da superfície. Procurei erros e não encontrei nenhum. Naquele momento, desejei ter o equipamento adequado para pers­crutar a superfície toda e avaliar a obra em sua totalidade. Contudo, fiquei satisfeito por estar com minha lanterna e meu esquadro e poder me espan­tar diante desse artefato incrivelmente preciso e grande. Conferindo a tampa e a superfície sobre a qual ela se assentava, vi que ambas eram perfeitamente planas. Lembrei então que isso dava aos fabricantes dessa peça o crédito de uma vedação perfeita. Duas superfícies perfeitamente planas, impecavel­mente sobrepostas, com o peso de uma delas expulsando o ar existente en­tre as duas superfícies. As dificuldades técnicas para se fazer o acabamento no interior de tal peça faziam com que o sarcófago na pirâmide de Quéfren parecesse simples. O pesquisador canadense Robert McKenty estava me acompanhando nesse local, percebeu a importância da descoberta e come­çou a filmar com sua câmera. Nesse instante, soube como Howard Cárter deve ter se sentido quando descobriu a tumba de Tutankamon.

A atmosfera repleta de poeira dos túneis tornava a respiração desconfor­tável. Imaginei como me sentiria se estivesse polindo uma peça de grani­to, qualquer que fosse o método utilizado, e como o local ficaria insalubre. Com certeza, teria sido melhor fazer o acabamento da peça ao ar livre. Fiquei tão atónito com a descoberta que só me ocorreu mais tarde que os construtores dessas relíquias, por algum motivo insondável, queriam que elas fossem ultraprecisas. Eles se deram ao trabalho de levar para o túnel o produto inacabado, dando-lhe acabamento no local por um bom motivo! E isso seria lógico, caso se desejasse um elevado grau de precisão na peça em que se está trabalhando. Se você der acabamento preciso em um local com atmosfera e temperatura diferentes – como a céu aberto e sob um sol escaldante – e depois levar a peça para seu local de instalação – frio e semelhante a uma caverna -, vai perder a precisão. O granito altera a forma sob condições de expansão e contração térmica. A solução, tanto naquela época como hoje em dia, seria preparar a superfície de precisão no local de sua instalação final.

Essa descoberta, e a percepção de sua importância crítica para os artífices que a construíram, foi muito além de meus sonhos mais loucos de desco­bertas que se poderiam fazer no Egito. Para um homem com o meu perfil, isso era melhor do que a tumba do rei Tutankamon. Em relação à precisão, as intenções dos egípcios eram perfeitamente claras. Mas com que finalida­de? Outros estudos feitos sobre esses artefatos deveriam incluir um pro­fundo mapeamento e inspeção com as seguintes ferramentas: interferômetro a laser com capacidade de avaliar superfícies planas; paquímetro por ultra-som para conferir a espessura das paredes e determi­nar se é realmente uniforme; plano óptico com fonte de luz monocromática. Será que as superfícies receberam um acabamento de precisão óptica?”17

Dunn entrou em contato com quatro fabricantes de granito de preci­são nos Estados Unidos e não encontrou um só que pudesse realizar tra­balhos desse tipo. Ele recebeu uma carta de Eric Leither, da Tru-Stone Corp., falando da viabilidade técnica de se criar diversos artefatos egípcios, in­clusive as gigantescas caixas de granito encontradas em túneis escava­dos na rocha no templo do Serapeum, em Sakara. A carta dizia o seguinte:

“Caro Christopher,

Primeiro, gostaria de lhe agradecer por me proporcionar todas essas fasci­nantes informações. A maioria das pessoas nunca tem a chance de partici­par de algo assim. Você mencionou que a caixa foi feita a partir de um bloco sólido de granito. Um pedaço de granito desse porte deveria pesar uns 90.000 quilos se fosse granito Sierra White, que pesa uns 8o quilos por pé cúbico. Se encontrássemos um pedaço desse tamanho, o custo seria enor­me. Só a pedra custaria por volta de US$ 115.000. O preço não inclui o corte no tamanho bruto desejado, nem despesas de frete. O próximo problema óbvio seria o transporte. Teríamos de conseguir licenças especiais com o Departamento de Trânsito, o que iria custar milhares de dólares. Segundo a informação que encontrei em seu fax, os egípcios deslocaram esse pedaço de granito por quase 800 quilómetros. É um feito incrível para uma socie­dade que existiu há milhares de anos”.

Diz Dunn:

Eric disse, ainda, que sua empresa não teria equipamento ou capacidade para produzir as caixas dessa maneira, que faria as caixas em cinco peda­ços, as enviaria ao cliente e as montaria no local.

Outro artefato que inspecionei foi um pedaço de granito com o qual eu topei, literalmente, enquanto caminhava pelo platô de Gize naquela tarde. Concluí, após uma análise preliminar dessa peça, que os antigos construtores de pirâ­mides tiveram de usar uma máquina com três eixos de movimento (x-Y-z) para guiar a ferramenta no espaço tridimensional e criar a peça. Quando falamos em superfícies incrivelmente precisas e planas, como se trata de simples geo­metria, é possível explicá-las por métodos simples. Mas essa peça nos leva para além da simples questão “que ferramentas foram usadas para cortá-la?”, conduzindo-nos a outra muito mais abrangente: “o que orientou a ferramen­ta de corte?” Para respondermos a esta pergunta e ficarmos à vontade com a resposta, é útil conhecer um pouco de usinagem de contorno.

Muitos dos artefatos criados pela civilização moderna não poderiam ser feitos simplesmente à mão. Estamos rodeados de artefatos que são fruto do emprego da mente humana, que cria ferramentas para superar as limi­tações físicas. Desenvolvemos máquinas operatrizes para criar os moldes que produzem os contornos estéticos dos carros que guiamos, dos rádios que ouvimos e dos aparelhos que utilizamos. Para criar os moldes que pro­duzem esses itens, é preciso que a ferramenta de corte siga com precisão um caminho tridimensional predeterminado. Em algumas aplicações, ela se move em três direções, usando simultaneamente três eixos de movi­mento ou mais. O artefato que eu estava observando teria exigido, no mí­nimo, três eixos de movimento para ser usinado. Quando a indústria de máquinas operatrizes ainda estava no início, eram empregadas técnicas nas quais a forma final era dada manualmente, usando gabaritos-guia. Hoje, com o uso de máquinas de precisão computadorizadas, não há mui­ta necessidade de trabalho manual. Um pouco de polimento para remover eventuais marcas indesejadas de ferramenta seria o único acabamento manual necessário. Para afirmar que um artefato foi produzido dessa maneira, portanto, supõe-se uma superfície precisa com a indicação de marcas que mostram o caminho percorrido pela ferramenta. Foi isso que encontrei no platô de Gize, na parte sul da Grande Pirâmide e a uns 90 metros a leste da segunda pirâmide.

Há tantas rochas de todos os tamanhos e formas espalhadas por essa área que, para olhos não treinados, esse artefato em particular passaria facil­mente despercebido. Para olhos treinados, pode chamar um pouco a aten­ção e despertar uma breve curiosidade. Tive a sorte dele ter chamado a minha atenção e de ter à mão as ferramentas para inspecioná-lo. Havia duas peças próximas uma da outra, sendo uma delas maior. Ambas formavam uma úni­ca peça, que se quebrou. Descobri que seriam necessárias todas as ferra­mentas que eu portava para inspecioná-lo adequadamente. Eu estava muito interessado na precisão e na simetria de seu contorno.

Tinha em mãos um objeto que, em termos tridimensionais, poderia ser com­parado a um pequeno sofá. A almofada é um contorno que se confunde com as laterais dos braços e com as costas. Avaliei o contorno usando um gaba­rito de perfil ao longo de três eixos de sua extensão, começando pelo raio perto das costas e terminando perto do ponto de tangência, que se mesclava suavemente no ponto em que o raio de contorno chega à frente. O gabarito de raio por fio não era o melhor modo de determinar a precisão dessa peça. Ao ajustar os fios em uma posição do bloco e passar para outra posição, o gabarito podia tornar a se acomodar no perfil, suscitando dúvidas sobre a possibilidade do artífice que o posicionara ter compensado alguma impre­cisão do contorno. Entretanto, colocando o esquadro em diversos pontos ao longo e em torno dos eixos de contorno, percebi que a superfície era extre­mamente precisa. Em uma junta perto de uma fissura na peça, podia-se ver a luz do Sol, mas o resto da peça mal deixava entrevê-lo.

Nesse momento, eu já tinha atraído uma boa plateia. É difícil atravessar o platô de Gize no horário de maior movimento sem chamar a atenção dos condutores de camelos, dos jóqueis de burricos e dos vendedores de quin­quilharias. Após ter retirado minhas ferramentas da mochila, arrumei dois ajudantes prestimosos, Mohammed e Mustafá, que não estavam nem um pouco interessados em uma gratificação. Pêlo menos foi o que me disse­ram, mas posso dizer honestamente que perdi minha camisa nessa aventura. Eu tinha removido areia e sujeira de um dos cantos do bloco maior, lavando-o com água. Eu estava usando uma camiseta branca que levava em minha mochila para limpar coisas, a fim de poder obter uma impressão da peça com cera de modelar. Mustafá me convenceu a dar-lhe a camiseta antes de nos despedirmos. Mustafá segurou a ferramenta de fios em diversos pontos do contorno enquanto eu tirava fotos dela. Depois, peguei a cera de modelar e a aqueci com um fósforo, gentilmente fornecido pelo hotel Movenpick, e apertei-a contra o raio do canto. Raspei a parte borrifada e posicionei-a em diversos pontos. Mohammed segurava a cera enquanto eu tirava fotos. Nesse momento, havia um velho condutor de camelos e um policial a cavalo observando a cena.

O que descobri com a cera foi um raio uniforme, tangencial ao contorno, ao verso e à parede lateral. Quando voltei para os Estados Unidos, medi a cera usando um gabarito de raios e descobri que o raio era real, medindo 11,1 milímetros. O raio lateral (braço) de mescla tem uma característica de projeto que é prática corriqueira na engenharia moderna. Cortando-se um relevo no canto, uma parte complementar que deve se encaixar ou se ajustar contra a superfície com o raio de mescla maior pode ter um raio menor. Essa característica possibilita uma operação de usinagem mais eficiente porque permite o uso de uma ferramenta de corte de diâmetro maior, ou seja, de raio maior. Com mais firmeza na ferramenta, maior quantidade de material pode ser removida ao se fazer um corte. Acredito que há muito, muito mais coisas que podem ser inferidas usando-se esses métodos de estudo. Acredito que o Museu do Cairo contém muitos artefatos que, analisados adequadamente, levarão às mesmas conclusões a que eu cheguei estudando essa peça.

Fonte: A Incrível Tecnologia dos Antigos, David Hatcher Childress, editora Aleph, 2005, pp.279-284.

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