As Cidades Perdidas do Maranhão
Posted by luxcuritiba em dezembro 28, 2010
Na região amazônica brasileira, no estado do Maranhão, ainda hoje sobrevivem lendas e histórias que falam de cidades perdidas, antigas civilizações e um Eldorado que nunca foi encontrado. Inscrições pré-históricas poderiam estar relacionadas ao deus branco civilizador dos indígenas, Sumé ou Maira, que alguns identificam como o apóstolo São Tomé.
Pablo Villarrubia Mauso
O estado do Maranhão é um dos menos explorados e habitados do Brasil. Situado na região limítrofe entre a Amazônia e a zona de savanas do norte, seu passado colonial tem a presença franceses, holandeses e portugueses, que cobiçaram suas terras em busca de riquezas, especialmente o ouro. Ali, até hoje, os descendentes de escravos falam de grandes tesouros, de cidades perdidas e de antigas civilizações que o tempo se encarregou de enterrar.
Comecei minha viagem pela cidade histórica de São Luís, capital do Maranhão, onde se encontra o maior conjunto arquitetônico colonial português do Brasil. No ambiente repleto de casarões e fachadas restauradas, estas recobertas por azuletos lusitanos, ainda se respira o ar daqueles tempos senhoriais, em que os homens brancos eram transportados em liteiras por escravos negros, que também trabalhavam no difícil cultivo da terra.
Na biblioteca municipal, existem alguns documentos que falam das “cidades perdidas” do Maranhão, histórias que nada ficam devendo à obsessiva e esgotante busca dos espanhóis por ouro e outras riquezas na América.
Os locais da América do Sul em que o ouro abundava parecem ter gerado mitos tão importantes como o do Eldorado ou do Gran Paititi, e o Brasil também teve o seu, no Maranhão. Em 1632, o padre João da Cunha informou o rei de Portugal da existência de minas perdidas nas selvas daquele território. Durante esse período, muitas tropas sofreram um número imenso de desastres buscando o ouro, conforme testemunharam alguns jesuítas.
O padre José Caieiro narrava em seu De Exilio Provinciarum Transmarianrum Assistenteiae Lusitanae Societatis Iesu, de 1757, que, próximo à aldeia de Acarará, havia campos com minas de ouro que os jesuítas exploravam às escondidas. O autor supõe que os membros da Companhia de Jesus ocultavam o ouro em locais secretos de seus colégios e igrejas.
Outro religioso, o padre Serafim Leite, em sua História da Companhia de Jesus no Brasil – baseado em documentos encontrados na Biblioteca de Evora, em Portugal –, mencionava que, em 1728, corriam rumores de que havia minas de ouro riquíssimas na região do Alto Pindaré, também no Maranhão, exploradas em segredo pelos jesuítas, fato que nunca se pôde comprovar.
Os rumores eram tão fascinantes que o próprio governador da província, Alexandre de Souza Freire, organizou uma expedição rumo às “minas de ouro de Pindaré”, sem obter qualquer resultado concreto. O governador justificou o fracasso de sua expedição como “tramas engenhosas da Companhia de Jesus”, referindo-se diretamente ao fato de que os jesuítas lhe ocultaram as minas de ouro.
No capítulo XXV da Relação da Província do Maranhão ou Poranduba Maranhense do Frei Francisco de Nossa Senhora dos Prazeres, é narrado como o tenente-coronel D. Fernando Antonio de Noronha, procedente da corte lusitana, era nomeado governador da capitania de Maranhão, em 14 de setembro de 1792.
Por volta daquela data, um escravo de nome Nicolao, pertencente ao tenente-coronel João Paulo Carneiro, fugiu para as selvas que rodeavam a capital maranhense. Ao voltar, disse que tinha estado nos campos da Lagarteira, onde existia um mocambo ou quilombo que formava uma cidade chamada Axuí, à beira da laguna do Codó, próxima ao Rio Itapicuru, cercada por grandes pântanos cheios de mosquitos e febres.
Segundo contou Nicolao, “os negros eram tão ricos que tinham uma imagem de ouro da Senhora da Conceição, bebiam em cálices do mesmo metal, tinham muito dinheiro de ouro e prata, e o pároco era um jesuíta”. O escravo negro ainda contava que os jovens, todos negros, derretiam as pepitas de ouro para transformá-las em pesadas barras, e que até os dentes de seus habitantes estavam recobertos pelo metal amarelo.
Eles estavam há vários séculos no Axuí, perdidos em meio a rios e pântanos secretos. Anteriormente, tinham sido amigos dos jesuítas e tinham trabalhado para eles nas minas. Contudo, os jesuítas quiseram roubar-lhes o ouro. Para tal, fizeram passagens subterrâneas entre suas igrejas para esconder o ouro do cobiçoso rei de Portugal e também dos próprios escravos que o exploravam nas minas.
Até hoje circulam histórias sobre a existência de galerias subterrâneas construídas pelos jesuítas e o ouro que elas ocultam, cujas entradas poderiam ser algumas das fontes das igrejas. Com a expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal, em 1759, o primeiro-ministro português, os religiosos não tiveram tempo de carregar o ouro e ali o deixaram.
A história da procura pela cidade de Axuí ganhou impulso quando o governador Fernando de Noronha nomeou o ex-escravo Nicolao “capitão de milícia” e, por algum tempo, este desfrutou de todos os prazeres e luxos da nobreza de São Luís. Juntamente com um sargento português, ele começou a localizar pessoas que viviam na capital e que supostamente tinham alguma relação com os habitantes de Axuí, com os quais trocavam suas mercadorias por ouro. Várias foram presas e torturadas para confessar a existência da cidade. Isso foi suficiente para que o rei de Portugal, D. João VI, custeasse uma expedição com quase 2.000 homens, incluindo escravos e indígenas, para buscar a cidade perdida de Axuí.
Sob o comando do coronel Anacleto Henrique Franco, os expedicionários partiram no dia 30 de agosto de 1794 e se dividiram em dois grupos. Um, em direção a Monin; desembarcando em Santa Helena, marchou até os campos de Lagarteiras, tendo Nicolao como guia. O outro grupo, menor, desembarcou em Alegre e seguiu para Lençóis Grandes, guiado por Antonio Tatú, um dos presos acusados de negociar com Axuí.
Depois de uma infinidade de privações, fome extrema, enfermidades, cruzando rios infestados de mosquitos e pântanos traiçoeiros, o segundo grupo chegou a Lagarteiras 16 dias depois do primeiro grupo. Nesse ínterim, Nicolao havia fugido, e as tropas, frustradas por não terem encontrado nada, marcharam até a costa do Maranhão e depois até São Luís. Mais tarde, o fugitivo foi capturado, acusado de trapaceiro e levado à prisão perpétua. O governador da capitania, Fernando de Noronha, foi deportado para Portugal, onde apodreceu nos fétidos cárceres de Lisboa, junto com alguns de seus ajudantes mais próximos.
Outra cidade encantada do Maranhão situa-se a sudeste do estado, na vasta e pouco conhecida região chamada Carolina. Sua paisagem mágica é composta por grandes montanhas de cumes planos, como mesetas – ali chamadas de “chapadas” –, e por formações geológicas que lembram ruínas de cidades de pedra.
A região também está salpicada por belíssimas cachoeiras, algumas com mais de 50 metros de altura, que recebem nomes exóticos como Pedras Caídas, Itapecuru, Prata e São Romão. Todas estão relacionadas a lendas que atribuem a elas poderes fantásticos e a existência de riquezas em seu interior.
Os poucos habitantes da região – mulatos e mestiços de indígenas –, falam de uma cidade encantada habitada por espíritos dos antigos escravos mortos por seus donos e de indígenas que morreram em combate contra os portugueses.
Na tranqüila cidade de 20.000 habitantes, arborizada com mangueiras frondosas, conheci seu “cronista oficial”, Alfredo Maranhão, um senhor octogenário com quem entabulei extensas conversas sobre os mais diversos temas.
“Há poucos anos”, comentava com erudição Alfredo Maranhão, em sua cadeira de balanço, “foram descobertas umas inscrições estranhas nas serranias de Carolina. Algumas são símbolos desconhecidos, outras mostram pegadas humanas e de animais talhadas nas rochas. As antigas tradições falam de um deus branco e civilizador que os cristãos portugueses dizem ser São Tomé”.
Das estantes empoeiradas de sua casa, Alfredo Maranhão tirou um volume grosso sobre a história colonial do Brasil. Molhando o dedo nos lábios, o cronista de Carolina folheou o livro raríssimo chamado História da Missão dos Padres Capuchos na Ilha do Maranhão e Terras Circunvizinhas, escrito em 1612 pelo capuchinho francês Claude d’Abbeville. Segundo diz um dos capítulos da volumosa obra sustentada com dificuldade por Afredo, naquele mesmo ano d’Abbeville soube pelos indígenas tupinambás do Maranhão que existiam inscrições nas pedras que pertenciam a um grupo de estrangeiros misteriosos. Um dos membros da tribo disse-lhe que “ao ver que os do nosso povo não acreditavam neles, os profetas subiram aos céus, deixando as pegadas de seus pés gravadas com cruzes nas rochas próximas ao rio Potiú, que tu vistes tão bem como eu…”
Outro capuchinho francês do século 17, Yves d’Evreux, informou em seu Viagem ao Norte do Brasil, sobre outro local semelhante no estado do Maranhão. Os indígenas lhe contaram de um deus civilizador, Maratá de Tupã, realizador de grandes feitos e que deixou esculpidos em “uma rocha, uma espécie de mesa, imagens, letras, a forma de seus pés e de seus companheiros, as patas dos animais que levavam e os furos de seus bastões”.
Astutamente, D’Evreux usou uma estátua de São Bartolomeu e a brandiu entre os índios como sendo o “grande Maratá”, que os salvaria das desgraças. Uma clara tentativa de evangelizar os pagãos.
Alguns dias depois da conversa com Alfredo Maranhão, consegui junto à prefeitura de Carolina um jipe e um guia que me conduziria às inscrições, a uns 120km da cidade. Vicente Cirilo de Souza, guia e motorista, conhecia uma parte do extenso território coberto por mata brava, selvas e savanas, apenas interrompidas pelas mesetas, cujos cumes abrigam verdadeiros oásis aos quais poucos conseguiam chegar, devido à dificuldade da subida.
Uma das mesetas mais impactantes podia ser vista de Carolina (próxima da Serra das Malícias), e seus habitantes a chamam de Morro do Chapéu, por sua semelhança com um chapéu. Com vários quilômetros de comprimento, era habitada apenas por bois e vacas zebu que se perdiam em suas encostas escarpadas.
As chapadas se transformavam em montanhas de cumes cada vez mais estreitos, e sua base cônica nos fazia recordar gigantescas pirâmides abandonadas. Ao passar por um desfiladeiro, encontramos grandes formações de pedra: era a “cidade encantada” da qual os nativos falavam. Não me surpreendeu que aquele local – pela própria magia de sua natureza –, tivesse servido de “Meca” para os antigos e desconhecidos habitantes da região, os mesmos que talharam o Morro das Figuras que então buscávamos.
A certa altura, estávamos perdidos. Foi quando surgiu José dos Santos, um vaqueiro mulato, montado em sua mula. “Eu sei onde está o Morro das Figuras”, ele disse. “Está no final da cidade encantada, por este caminho mesmo”.
Depois de passar por colunas de pedra, algumas com forma humana, como se fossem gigantes nos espreitando, vimos ao longe uma colina isolada, com rochas que formavam monstros saídos das mais antigas tradições medievais. Nós nos aproximamos de uma delas, em cujo paredão encontramos um grande painel onde se dispunham diversas inscrições.
“Não sei quem fez esses desenhos”, disse José dos Santos. “Algumas pessoas de minha aldeia, os mais velhos, dizem que foi um homem que sabia muito e que tinha poderes mágicos. Até hoje nossos curandeiros vêm aqui com os doentes para curá-los. Dizem que esta pedra tem poderes milagrosos”.
José também chamou nossa atenção para as altas chapadas à distância. Lá, segundo ele, existem dezenas de pedras com inscrições semelhantes, nos locais de acesso mais difícil.
Outra teoria para explicar sua origem foi levantada pelo explorador austríaco Ludwig Schwennhagen, que esteve no Brasil no princípio do século 20. Segundo ele, seus autores teriam sido os sacerdotes cários, povo da Ásia Menor, que mil anos antes de Cristo viajavam em embarcações fenícias que chegaram às costas brasileiras.
Para Ludwig, as pegadas na pedra eram a representação do grão-sacerdote Sumer, cujo nome teria sido modificado para Sumé. Em meados do século 20, o escritor francês Jacques de Mahieu atribuiu os buracos aos vikings que chegaram ao Brasil em seus drakkars, por volta de 1250. Um certo padre Gnupa teria chegado com os vikings nessa época e “civilizado” os indígenas, seguindo as pegadas gravadas na pedra pelos vikings e que conduziam sempre em direção ao mar.
Após um dia inteiro percorrendo serras e savanas, voltamos a Carolina, antes passando por um bosque onde o caminho estava interrompido pela queda de um tronco de árvore. Jorge Ramiro Guiú nos ajudou cortando-o com um facão. Jorge é descendente dos índios krao, hoje praticamente desaparecidos da região. “Meu filho se curou de uma picada de cobra no Morro das Figuras”, explicou. “Creio que ali é um lugar pelo qual passou um santo, um homem milagroso. Contudo, outros desenhos parecidos foram destruídos pelos que procuravam tesouros, pois pensam que debaixo daquelas pedras se escondem grandes tesouros”.
O já mencionado Ludwig Schwennhagen fala em seu livro Antiga História do Brasil, de 1100 a.C. a 1500 d.C. (1928) que os fenícios tinham escolhido a ilha de São Luís como ponto de entrada para uma segunda onda de imigrantes. Chamaram-na de Tuapon, que significava “cidade de Tupã” – uma das divindades dos índios tupi –, onde fundaram várias aldeias, das quais 27 ainda existiam na época da chegada dos primeiros europeus. De lá, atravessando pequenos rios, foram navegando até onde hoje está a cidade de Belém do Pará. O nome Maranhão derivaria de Mara-Ion, dado pelos fenícios. Tudo isso teria acontecido por volta de 1100 a.C., ou seja, muito antes do descobrimento do Brasil pelos portugueses.
Durante o curto período de ocupação francesa da costa do Maranhão, o frei e cronista Claude d’Abbeville escreveu um diário de viagem no qual falava sobre os avançados conhecimentos astronômicos dos índios tupinambás do Maranhão. Ludwig atribuiu esse conhecimento às influências trazidas pelos sábios da antiga Caldéia, situada na Mesopotâmia, que vinham a bordo das embarcações fenícias.
Os restos mais palpáveis dos fenícios no Maranhão estariam no Rio Pinaré, onde o Lago Maracu mostra restos petrificados que pertenceriam aos estaleiros daquele povo, além de outros portos fluviais situados em três lagos que existem na confluência dos rios Mearim, Pinaré e Grajaú. Nas margens dos rios Gurupi e Ireiti, os fenícios exploraram as minas de ouro e tinham como base a aldeia de Carutapera (segundo Ludwig, “taba dos carus”, sendo carus o nome que os indígenas davam aos fenícios). À chegada dos portugueses, o local ainda existia como uma aldeia dos tupis, que conheciam bem a existência das minas de ouro.
Schwennhagen ainda dizia que na península situada em frente à cidade de São Luís, possivelmente em Alcântara, foram encontrados restos de antigas muralhas cuja origem não pôde ser comprovada no tempo dos europeus. Na ilha de Troína, também no Maranhão, os navegantes ainda hoje avistam grandes blocos de pedras provenientes de muralhas de uma praça forte e alta.
No início do século 19, o coronel Antonio Bernardino P. do Lago mencionou em seu livro, Itinerário da Província do Maranhão, a existência de minas nas imediações do Lago Cajari. em cujas margens se encontravam vestígios de habitações que pareciam alinhamentos.
Esses vestígios estão próximos do povoado de Penalva, que, outrora, foi uma aldeia dos índios gamela, criada depois da expulsão dos jesuítas no século 18. Mas o certo é que as “habitações” vistas pelo coronel Bernardino não eram missões jesuíticas.
Em 1919, o explorador e arqueólogo Raimundo Lopes iniciou escavações num terreno cheio de lama, no centro do Lago Cajari, durante uma seca jamais vista na região. Isso facilitou suas escavações, já que em alguns trechos a profundidade não ultrapassava 50 centímetros. Contudo, em condições normais, o nível de água é de dois ou três metros, e oculta uma cidade extinta. Algumas centenas de anos antes, o nível do lago e de suas margens devia ser mais baixo que o de hoje. Do barro mole, Raimundo Lopes via surgir grande número de troncos negros de árvores, como um imenso bosque morto.
Pouco a pouco, ele foi encontrando restos de cerâmica e objetos de pedra, atribuídos a um povo relativamente numeroso e bem organizado. Mas quem teriam sido seus habitantes? Os poucos vestígios encontrados – as condições de preservação do lago não são as mais propícias –, não dão muitas pistas. No entanto, foram encontrados muitos troncos grandes e fortes, que apóiam a teoria de que ali foram construídas casas que se elevavam acima do nível da água na época das chuvas.
No mesmo ano, Raimundo Lopes encontrou outra cidade construída em palafitas no Lago Encantado e, em 1922, no Lago Maiobinha. Em 1923, expôs os resultados de suas escavações durante uma conferência no Museu Nacional do Rio de Janeiro, quando disse que as construções eram palafitas assentadas sobre uma região pantanosa.
Embora fragmentada, a cerâmica encontrada na região de Cajari parece ter sido bastante elaborada, pintada em vermelho e preto, com relevos zoomorfos, e seria mais antiga do que a cerâmica da Ilha de Marajó, na foz do Rio Amazonas, uma das mais bonitas do mundo. Contudo, Lopes acreditava que a cerâmica de Cajari não tinha qualquer relação com outras culturas da região amazônica.
O arqueólogo não pôde encontrar qualquer figura humana representada nos restos de cerâmica, e tampouco restos de ossos humanos, impossibilitando assim a identificação da raça de seus antigos ocupantes.
A descoberta mais importante no lago foi o dos muiraquitãs, amuletos com forma estilizada de rã, como os que foram encontrados na região amazônica de Santarém, e que são atribuídos às míticas mulheres amazonas. Lopes dizia que “…os amuletos do Cajari são semelhantes aos do baixo Amazonas, México e Costa Rica, feitos com uma técnica bastante avançada”. Mas, ao contrário da América Central, os muiraquitãs do Maranhão foram feitos de ágata e não de jadeíta.
As Pegadas do Deus Branco
Segundo os antigos cronistas, os indígenas desconheciam a origem das inscrições rupestres e as atribuíam a seus antepassados mais remotos. Os arqueólogos também desconhecem quem pode ter feito os petróglifos e, segundo algumas datações, eles são anteriores ao primeiro milênio antes de Cristo. As pegadas, até hoje, são consideradas sagradas e, em alguns lugares do Brasil, objeto de culto.
Curiosamente, em vários locais do mundo, as pegadas humanas em pedra são atribuídas a um velho benfeitor, geralmente alguma entidade superior, como Buda, na China, ou Adão, no Ceilão, e Cristo, no Oriente Médio.
Ainda hoje os índios kaapor do Maranhão mantêm viva uma tradição que fala de Mair, ou Maíra, um deus civilizador. Segundo o antropólogo Darcy Ribeiro, ainda hoje os kaapor vêem seu deus se deslocando pelo céu nas noites de verão.
Em 1939, o mesmo antropólogo relatou que um índio kaapor, chamado Uirá, decidiu junto com sua família percorrer o caminho seguido por Maíra, segundo as antigas tradições. Com o corpo pintado e adornado com plumas, armado de arco e flechas, percorreu centenas de quilômetros e chegou até São Luís, a capital do Maranhão, onde foi preso. A polícia considerou-o “louco”; contudo, funcionários do Serviço de Proteção ao Indígena o libertaram. Em São Luís, ao ver o mar, Uirá gritou de alegria, pois sabia que, mais além, cruzando o oceano, encontraria a terra mítica de Maíra, uma espécie de paraíso terreno. Após várias tentativas fracassadas, Uirá e sua família foram repatriados para sua aldeia. No caminho, Uriá, desesperado por não atingir seu objetivo, se atirou no Rio Pindaré, suicidando-se em suas águas agitadas. A morte trágica do indígena era, para ele, o atalho para chegar ao paraíso também celestial de Maíra.
As inscrições que eu observava estavam relacionadas ao mítico Sumé, ou segundo os frades e jesuítas da época da colonização, a São Tomé, uma corruptela do nome do famoso apóstolo que pregou por terras do Oriente nos primórdios do cristianismo.
As crônicas dos séculos 16 e 17 falam da possível viagem de São Tomé à América. Os indígenas confundiram-no com os primeiros portugueses que aqui chegaram, pois Sumé era uma entidade de pele branca, com barbas e totalmente vestido, ao contrário dos indígenas.
http://www.revistasextosentido.net/news/%20as%20cidades%20perdidas%20do%20maranh%C3%A3o/
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Gervasio said
Muito bom o trabalho, veja as ruínas perdidas do vale do açu e o Doc 512 da bibl. Nacional que relata as ruínas ROMANAS encontradas no brasil.